Maria estava no centro comercial. Não gostava desses espaços. Só os usava por causa de algum filme que lhe interessase particularmente.
Procurava as horas mortas e lá se enchia de coragem para enfrentar aqueles espaços que lhe pareciam monstruosas projecções dum alucinado e alucinante futuro-presente.
O livro descaira-lhe nas mãos.
Ficara ali como se não existissem paredes à sua volta. Como se fora outro o espaço que ela e o seu corpo ocupavam.
Os olhos, olhavam e viam. Mas não o que os outros viam.
Dela emanava uma paz que criava uma espécie de bolha envolvente, com tendência para se expandir e criar um universo próprio e novo.
Marta chegara, sentara-se e principiara a ler um livro. Via-se que o lia atentamente.
De repente ocorre uma transfiguração que se percebe porque nos atinge, com uma força poderosam uma força misteriosa.
Tenta-se, mas não a compreendemos.
É-nos intangível. Está-nos distante ainda que a vislumbremos.
Os olhos não se desviam de Marta tentando decifrar o enigma. Os nossos olhos seguem o trajecto que os olhos de Marta nos parecem seguir, agora que o livro lhe descaíu e ficou levemente inclinado no colo, como uma extensão das próprias mãos. Do próprio corpo. De Marta.
(Fim da 1ª parte)
Por TMara -(Do livro: FALAR MULHER:87:88)
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