25 dezembro 2008

porto de abrigo


porto de abrigo

recordo a sua voz a dizer-me em tom de oráculo: toda a cisma gera sofisma.
Alva, era um ser iluminado. Decididamente tinha a capacidade de desvendar a alma do ser humano nos seus mais esconsos recantos e mistérios.

alma de grande bondade percebia, antes de qualquer outra pessoa, os ventos de mudança, quer fossem colectivos quer individuais. nunca usou em seu proveito esse poder ou dom. nunca utilizou qualquer parlogismo nas respostas que nos dava quando inquirida sobre alguns assuntos por mais melindrosos.

a vida segue o seu curso e no decurso desta muitas vezes nos afastamos geograficamente de pessoas significantes em nossas vidas. foi isso que aconteceu entre mim e Alva. e digo, entre mim e Alva porque fui eu quem partiu. ela continuou na velha mansão a cuidar de tudo e de todos.

a chegada da carta, escrita pelo seu punho, com a sua letra alongada, quase cuneiforme, deixou-me intrigado. várias vezes a virei e revirei antes de me decidir a abri-la.
anunciava-me o nosso reencontro, pois chegaria dentro de dia e meio.
se esta viagem era, por si, razão de surpresa dado Alva nunca ter saído da terra, da mansão e terrenos ao redor, o facto de me designar por patrono deixou-me estupefacto e curioso.

se justiça havia no mundo e alguém merecia essa designação era ela. não eu.
o que significaria tal inversão de papeis ao dar-me tal tratamento?

tentei manter-me imerso no trabalho pois o facto inédito da viagem e o título usado tornavam-se uma inquietação cada vez maior.

chegada, falámos de tempos vividos. deu-me notícias de nascimentos e falecimentos, de alterações ocorridas na terra durante a minha longa ausência.
sabia que de nada serviria questioná-la sobre os dois factos que tanta estranheza me causavam.
falaria quando chegasse o momento certo. o equilíbrio necessário estivesse reposto entre nós depois de tanto tempo.

falou e eu, estupefacto, nada fui capaz de dizer. viera anunciar-me as medidas a tomar dentro de poucos dias pois chegara a hora de partir. viajar para o outro lado do véu, disse.

as lágrimas afloraram meus olhos, a alma encolheu-se dentro de mim. voltei a ser o menino de quem sempre cuidara e perdido me senti.
estivesse onde estivesse, sabê-la viva na mansão, era a fonte de toda a minha energia e segurança. agora o meu eterno porto de abrigo movera-se para vir dizer-me que chegara a hora, que se ia….
depois me disse que eu era muito mais do que imaginava. não era um homem comum.
ao longo dos séculos sempre viera para jogar um papel importante no seio da humanidade. ela fora a minha guia nesta vida, mas os meus poderes eram superiores aos dela. eu era o patrono. ela a eterna seguidora, a discípula, mas estava honrada com a missão que tivera nesta encarnação.

chegara a hora. devia retornar à mansão e preparar-me antes da sua partida, pois havia muito trabalho a fazer. sabia-me pronto. só tinha que aclarar a visão interior e re-ligar-me ao meu eu superior de que a vida mundana me mantivera deliberadamente afastado até ao dia certo. e esse dia chegara.

19 dezembro 2008

Talvez um poema de Natal e desafio a todas/os


talvez um poema de Natal



dizem:
- tens um ar cansado!

sim, tenho!
tenho um ar cansado.

cansados alma e ser.

a matéria que o corpo
constitui,
a imponderável invisível
e etérea substância –
pó das estrelas –
que a alma, espírito,
o SER, constitui.

a unidade que sou,
cansada.

cansada de des-amores
em todo o
tipo de relações entre os seres.

cansada a alma
exausto o corpo
frustrados tantos sonhos
logo repostos por sonhos outros
que a vida é movimento -
acção e reacção –
fé em si e nos outros…

em jeito de balanço,
bem ao alto, ergo
o cálice da água que nos
constitui e digo:


_ varram-se, para longe,
ilusórias, unilaterais
amizades.
cesse o pranto da alma
em que o corpo soçobra.
altivos e belos
se ergam os lírios do campo
e a majestosa
os céus corra,
simultâneos os seus quatro
ciclos.

quedem-se as vozes
no silêncio
e nele se reconstrua
um mundo sem logros
bem-vinda toda a diferença seja –
riqueza maior
da humana espécie -
e que
a intemporal mensagem
ao longo dos séculos
por tantos dita,
nos corações faça eco
e ninho. casa e CAMINHO.

“ama o “OUTRO” como a ti mesmo.”

sempre esquecemos:



- o “outro” somos nós!

_________________________

Aqui deixo um desafio a quem quiser entrar: fazer um acróstico com a palavra NATAL
Enviem para Tostimara@mail.com que o colocarei aqui.
Não esqueçam o nome e o link do vosso blog para o referir.
o meu contributo com 2 acrósticos:
I

..Nascimento da
..Àgua da vida
.Tu”…eu, unidade em
..Amor e
..Liberdade.

II

Nada morre. nunca tal
Acontece. quando
Tu, que desconheço, morres a
Alma, nossa e única, se
Liberta e voa e um grito de dor
............................ [sempre ecoa]
TMara
______________________________
III

.Neste dia do ano
. Antes do nascer do sol
. Talvez as aves
. Amanheçam
. Livres em mim.’
_________________________
IV
Numa longa espera
Agora e sempre
Trago tua magia
Assente e certa
Leve suave brisa.
_______________________________
V
Nome infinito
Apenas lido agora
Tu e eu veementes
Após o Inverno gelado
Lamento da neve...
_______________________________
VI
Neve cai. suave e
Alva sobre o mundo. em
Tudo reflecte a luz da
Alma. viajante
Luar no céu de nosso olhar.
_________________________________
VII
Nada no mundo existe a não ser
Alma, espírito solto em ondulações
Tu , Eu, em pura energia de
Amor para além do vácuo do espaço,
Liberto para o início de toda a criação
_____________________________
VIII
Nada se move tudo se aquieta na
Alvorada dourada e mansa
Todo o mundo se ilumina
Ao nascer o astro-rei
Luzeiro nos caminhos da vida.
__________________________________
Nada sei de assuntos de
Alma pois perdida em mim anda
Tal etérea presença a ponto tal que
Assim me perco com a esperança
Lume leve que me consome.
___________________________________
Nada é impossivel.
Amor é sustento intemporal.
Tudo resulta dum simples gesto.
Abre os braços à vida, e sê
Livre vontade em compaixão!
__________________________________
Nuvens, neblina, névoa
Ando sempre à deriva….eu sei…
Tropeço, mas não caio…
Abro a boca para falar….
Lentas, as palavras desistem de mim
___________________________________
Não existe só este dia
Amar é ser-se nobre e constante
Tem a máxima diária!
Amizade e todo o amor é o
Lema da vida e nos faz sorrir!
__________________________________
Nesta noite os
Amantes reencontram-se
Trazendo memórias de
Amor e
Luz
__________________________________
Nada tenho a dizer…
Apaixono-me….
Tenho momentos e poemas….
Andam sorrisos perdidos….
Laços, luzes, brilhantes.
__________________________________
Nutre a terra com teus
Abraços e forma uma palavra de
Trigo: todo o cante e toda a
Aurora é a voz do menino que se
Levanta.
__________________________________
Nem sempre o caminho se abre
Ao sonho bonito de um Pai Natal
Todo enfarruscado a descer da chaminé;
A mais das vezes é um homem de verdade
Ladrão de sonhos, de risos, de meninos sem fé!
__________________________________
Numa noite igual a tantas outras
Alguém especial nasceu!
Trouxe a bondade e esperança,
Alegria para todos os povos,
Luz para os homens de boa vontade
_________________________________
Não sermos tudo ou nada
Apenas existir.
Todos sem memórias nem antecipações,
Apenas ao presente sermos fiéis
Limitando-nos a ser Luz, Espírito
__________________________________
Nnoite escura em claro
Amor, que na vida
Tem herança
Alegria em muita dor
Longo choro de criança!...
_________________________________
outros natais
Nada soava naquele cenário de guerra
até mesmo o forte vento se calara
tudo em volta era razia e a terra
ao sentir-se por fim livre da metralha
latejava como se doce acordara
.
Num recanto mal coberto da poalha
a que o alvor da manhã já nos furtara
tiritando uma criança em alva palha
a sua mãe que entre o medo já sorri
lhe oferta o seio que a fome ansiara
.
No mais fundo do casebre descobri
as mãos presas 'inda à arma que matara
tão ferido no olhar jazente ali
a cobrir com seu corpo o filho e a mãe
lado a lado o pai que por eles lutara...
________________________________
Namoro com a vida
Amo o ar que respiro
Tudo ganhou sentido
Alimentei-me de sofrer
Lá, onde tudo é descabido

18 dezembro 2008

Apresentação da reedição - por Edium Editores - dos livros ROMAGEM A CRETA e 27 POEMAS, de António Rebordão Navarro


Para visitares o site da Edium clica sobre o nome.
Em Janeiro de 2009 terá lugar a apresentação em Lisboa. Oportunamente divulgarei: dia [local - Campo Grande, 56] - e hora.
NOTA - fotos de minha autoria.

10 dezembro 2008

Convite - reedição do 1ºRomance de António Rebordão Navarro

Leitura de textos a cargo do actor António Reis.

Comparece e...divulga.

NOTA - CLICA NA IMAGEM E AMPLIA O CONVITE

SOBRE O AUTOR:

António Augusto Rebordão e Cunha Navarro nasceu no Porto em 1 de Agosto de 1933. Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra, foi Delegado do Ministério Público em Vimioso e Amarante, Director da Biblioteca Pública Municipal do Porto e Director Editorial, tendo exercido a advocacia.

Secretariou e dirigiu a Revista Literária Bandarra, fundada por seu pai, o escritor Augusto Navarro.

Foi co-director e também co-autor de Notícias do Bloqueio e director-adjunto da revista literária Sol XXI.

Colaborou em diversas publicações e encontra-se representado em várias antologias.

Fez parte da direcção e foi Presidente da Assembleia-geral da Associação de Jornalistas e Homens das Letras do Porto e Vogal do Conselho Fiscal da Sociedade Portuguesa de Autores.

Alguns dos seus poemas estão traduzidos para castelhano, francês, checo, neerlandês e sueco. Em 2002 foi-lhe atribuído o “Prémio Seiva” (Literatura).

_________________

E aqui deixo o novo rosto de cada uma das obras:

(capa pelo pintor Vítor Ferreira)

(capa pelo amigo Filipe Ferreira)

08 dezembro 2008

OS CAVALOS DO TEMPO



Os cavalos do tempo são de vento.
Têm músculos de vento,
nervos de vento, patas de vento, crinas de vento.

Perenemente em surda galopada,
passam brancos e puros
por estradas de sonho e esquecimento.

Os cavalos do tempo vão correndo.
Vêm correndo de origens insondáveis,
e a um abismo absoluto vão rumando.

Passam puros e brancos, livres, límpidos,
no indescontínuo imemorial esforço.
Ah! são o eterno atravessando o efémero:
levam sombras divinas sobre o dorso...


TASSO DA SILVEIRA, in Regresso à Origem, 1960

03 dezembro 2008

a FESTA do livro 22 OLHARES SOBRE 12 PALAVRAS

vai continuar!
Agora em Lisboa.
Nestes 22 Olhares há bloggers de todo o país.
Daí a necessidade, mais, a vontade, de fazemos outra apresentação mais a Sul.
Muitas amigas/os co-autoras/es vieram fazer a festa no Porto, mas os seus amigos e familiares aguardam uma oportunidade de a fazer.
Dia 5, Dez, 19H30, estaremos na Livraria Barata (Av. Roma)
-" vem e traz outro(s) amigo(s) também..."
Será uma festa de liberdade - de expressão e afectos - de solidariedade e respeito - encontros e re-encontros de quem só se conhecia pela escrita e reconhece nas ideias e sentires - por tudo isto nos é tão necessária a tua presença, pois fazes parte deste largo e solidário colectivo em que navegamos.

29 novembro 2008

TEIAS DE AMIZADE

Ora aqui está uma bela designação: Teias de amizade!

Por norma respondo o a estes desafios, pois ajudam-nos a perceber melhor a pessoa que está do outro lado e que nos habituámos – por puro gosto - a ler.

A estas TEIAS DE AMIZADE fui desafiada pela Alice no seu MultiplyLand.

As regras são simples, como convém:

1 - Indicar o contacto que nos convidou;
2 - Publicar as regras no nosso Multiply;
3 - Escrever 6 pequenas frases que achamos de nós definem alguns aspectos. Gostos, interesses, etc;
4 –Passar o desafio a 6 contactos no final do post;
5 - Deixar uma mensagem no guestbook de cada um/a para que saiba da brincadeira e que foi desafiado/a;
6 - Avisar quem nos desafiou de haver aceite a brincadeira e assim tecer colectivamente, mais um pouco a Teia de Amizade.

E aqui deixo vos deixo seis coisas sobre mim

1 – Tenho um sonho. Um dia o mundo será de todos os animais - os humanos e os outros - em coabitação pacífica e tudo será de todos. Nem fome nem guerras, nem exploração. As portas das casas só existirão para protecção climática.

2 – Respeito cada um pelas qualidades humanas que comporta. Não porque é VIP, famoso, rico/a, ou pode ser um “degrau” para a fictícia escalada social que tantos e tantas almejam.

3 – Sou dura na frontalidade de dizer das coisas eticamente incorrectas ou que prejudicam terceiros. Tenho o mau hábito da frontalidade e defesa das verdades que conheço, mesmo que não me toquem directamente. Lembro sempre que “o outro sou eu”.

4 – Amo minhas filhas e netas com amor incondicional.

5 - Amo a vida e as coisas simples do dia a dia e nelas encontro momentos de alegria e energia que me renovam perante muitas asperezas com que todos nos defrontamos.

6 – Acredito que o corpo é um habitáculo que usamos transitoriamente, pois creio sermos partículas de um todo eterno, e que todos os seres – não só os humanos -são companheiros da aventura da vida.

ESTÁS DESAFIADA/O A VIR ENRIQUECER A NOSSA TEIA DE AMIZADE:

26 novembro 2008

2 textos no âmbito do 8º Jogo das 12 Palavras


a batalha maior

havia algum tempo que estranhos pensamentos se infiltravam. primeiro no sono. os sonhos fugindo ao seu controlo. trazendo despojos de pensamentos que sempre rejeitara. mais tarde, ao longo do dia. com aleivosia. apanhando-o desprevenido. inquinando-o.

hoje acordara no silêncio da madrugada com uma sensação incomum. uma intensa comiseração tomara-o de assalto. vinham-lhe ao pensamento os sem-abrigo - com que sempre se cruzava no regresso ao confortável andar num condomínio de luxo. fechado castelo de senhor feudal – os trabalhadores por conta de outrem endividados...no banco expondo razões – tantas tão válidas afinal - pedindo-lhe possíveis renegociações comportáveis com os seus parcos rendimentos face ao desequilíbrio provocado pelo agravamento do custo de vida – e, contra o usual, um sentimento de dor tomava-o.

sempre detestara emoções que a mãe denominava de “humanas”. O rosto da nossa humanidade dizia ela: caridade; empatia; solidariedade; compaixão….sim, pensava de si para si. tudo isso é muito bonito desde que daí me advenham benefícios. lucros. vantagens sob alguma forma….

o misticismo da mãe bulia-lhe com o sistema nervoso. considerava-o fragilidade de espírito. nada mais. chamasse-lhe ela o que quisesse.

as longas histórias que, em criança, lhe contava de quando partira para a Índia em busca de desenvolvimento espiritual – a maior preciosidade de qualquer ser humano. de como encontrara um guru e como passado alguns meses partira para as montanhas - com a roupa do corpo, uma velha manta, um púcaro, um tacho e uns bocados de pão - e se isolara durante mais de um ano num eremitério que nada mais era do que uma pequena caverna em que nem de pé cabia…
falava-lhe da importância das mãos – instrumentos de trabalho e sobrevivência – de como elas urdiam roupa com plantas que colhia na montanha e assim se protegia de morrer congelada, de como ganhavam vida própria e com ervas e flores que colhiam amassavam unguentos com que massajava o dorido corpo. de como, com suavidade e gratidão, arrancavam pedaços de gelo ao sincelo que durante mais de meio ano emoldurava a entrada da caverna, quase a fechando por vezes e assim sempre tinha a vital e pura água - de oração e prece, de agradecimento, e ainda universais símbolos de paz e fraternidade.

e as histórias e conselhos da mãe, que antes ouvia como fantasias ou delírios de um espírito frágil, dominavam-no com uma realidade que nada do que sempre fora importante para ele detinha agora.

reuniu a direcção do banco e passou a presidência alegando razões pessoais - de vida ou morte.
pensaram-no atacado por doença mortal, mas ninguém ousou inquirir. sabia que assim seria. nunca lhes dera espaço para qualquer intimidade, por mais banal.

a ânsia de ver, de viver na infinitude branca e silenciosa de que a mãe lhe falara e de se encontrar ganhara finalmente a batalha.

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no silêncio do entardecer o olhar enche-se de misticismo ao fitar a preciosidade que a água urdiu pendendo dos telhados e das árvores. sincelo feito luz e transparência. suave unguento envolvendo, transformando o mundo num imenso eremitério de calmaria e contemplação.

a medo, não quebrasse a infinitude de brancura que tudo recobrira estendi os braços e, a mãos ambas, sem aleivosia nem comiseração, acariciei as formas pingentes, como quem abarca o mundo feito alimento-pao do espírito.

23 novembro 2008

e a festa do lançamento do "22 OLHARES SOBRE 12 PALAVRAS"

foi um momento raro de partilhas verdadeiras, de "re"-conhecimentos, de vibrações, de humanidade...
Aquela que nasce da fraternidade sem barreiras nem preconceitos.

Podem ver o slide-show, sentir o ambiente e ler os testemunhos de quem esteve e vou encontrando espalhados, no 22 Olhares sobre 12 Palavras.

Dia 5 de Dezembro faremos a festa em Lisboa, na Livraria Barata, à Av de Roma - 19h30. A Raquel fez um mapa para quem necessitar:



E deixo aqui, a perfumar o ar e a manter o olhar colorido, flores que um ser maravihoso me enviou.

21 novembro 2008

CONVITE - venham fazer a festa do "22 OLHARES SOBRE 12 PALAVRAS" CONNOSCO



Contamos ainda com os amigos


- Estefânia Estevens - cantora
- Francisco José Lampreia - poeta (diseur)


- Carlos Andrade, voz e viola


que darão mias cor, vida e alegria á festa. Traz outro amigo também...

18 novembro 2008

ACRÓSTICOS NO ÂMBITO DO 7º JOGO DAS 12 PALAVRAS - 2ª e última parte


esforço

Escuridão é falaz quebra de
Sintonia. capitulação da luz.
Fugaz quebra de harmonia
Obreira de bailarinos gestos de
Revolta, em galanteio à liberdade
Cama onde nasce o sentimento
Obreiro de nossa humanidade.

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bailado

Bebe-se o néctar da capitulação
Amargo gosto e gesto na
Imensidade da escuridão. des-harmonia da
Luz que num esforço falaz
Afoita-se a um galanteio-sintonia
Risonha liberdade conquistada
Impoluto sentimento
Nascido nos seres no ignoto lugar da
Alma que o corpo anima.

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luz bailarina

LIBERDADE sem CAPITULAÇÃO
Ultimo baluarte de HARMONIA
Zelosa SINTONIA, GALANTEIO.

Beleza de GESTO não FALAZ
Alimento do SENTIMENTO
Improvável sonho sem ESFORÇO
Lapidado em noite de luar
Alumiando a ESCURIDÃO
Recortando as figuras dos amantes
Interrogando a vida
No sonho vivido a dois
Até à almejada eternidade.

13 novembro 2008

A Palavra "Pureza" no Fotodicionário


O meu olhar sobre a palavra PUREZA e uma das imegens com que participei no FOTODICIONÁRIO da M, esta semana.
Podem ver lá muitas, variadas e belas representações de "pureza" por outros participantes.

07 novembro 2008

no 6 de Novembro de 2008

Para além das palavras amigas recebi flores dos jardins pessoais de:

A todos estes amigos e amigas e ás dezenas que, via telefone/voz ou SMS's, e por email me enviaram belas, ternas e solidárias palavras de amizade, o meu bem-haja.

03 novembro 2008

ACRÓSTICOS NO ÂMBITO DO 7º jOGO DAS 12 PALAVRAS



rendição

Hoje a escuridão rendeu-se.
A capitulação deu-se sem esforço.
Recuando deixou a luz, em
Movimento e sintonia,
Ocupar todo o espaço
Num gesto de galanteio. leve e
Intensa bailarina entregue
Ao sentimento da falaz
........................ liberdade




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capitulação



Com gestos de bailarina,
A harmonia da luz, sem esforço,
Penetrou a escuridão. suave
Intimismo, falaz galanteio
Tom musical, sintonia
Única voz de pura
Liberdade e sentimento
Aurora do novo mundo que
Começa aqui e agora, connosco
Ao dealbar da vida nos
Olhos de quem crê e vê.



~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~" " ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~



galanteio

Gestos de liberdade
Amanhecem sem capitulação na
Luz criada pelos bailarinos
Abarcando a falaz escuridão
Nocturna. sintonia
T
ransfigurada em harmonia sem
Esforço, no galanteio do
Imoto corpo, no ar, suspenso, em
Oferenda ao sentimento.



~~~~~~~~~~~~~~~~~~~" " ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~


falaz galanteio


Feliz está o bailarino
Ave em voo. harmonia.
Liberto da gravidade -
Arte em movimento.
Zénite de luz.

Gesto e sentimento -
Alça o corpo em total sintonia
Liberdade sem esforço
Aparente. Pena no ar, rodopio que
Nada pode impedir ou combater. em
Total equilíbrio e beleza a
Escuridão ilumina-se por
Inteiro. rendida em capitulação.
Olvidada do seu eterno combate.



~~~~~~~~~~~~~~~~~~~" " ~~~~~~~~~~~~~~~~



liberdade e sentimento



Liberto da lei da gravidade,
Imutável mas falaz princípio, o
Bailarino eleva-se sem
Esforço. aparenta ave em voo,
Radioso corpo de luz,
Dardo atravessando o espaço
A recriar a harmonia do gesto
Do início do mundo
Em magia primordial e

Sintonia com a vida. rompe a
Escuridão sempre anunciada
Nos livros que falam do fim de
Tudo o que existe e do
Irado julgamento final onde
Mulheres e homens responderão,
Em opróbrio, por seus humanos actos,
Naturalmente em capitulação
Total sem que um galanteio
Ou piedoso gesto os liberte.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~" " ~~~~~~~~~~~~~~~~~~
escuridão



Em esforço não falaz e
Sintonia com a luz da vida, luta-se
Contra a capitulação com gestos
Urdidos em liberdade. bailarinos
Invencíveis no sentimento
Decorrentes da harmonia
Abrigo da essência do ser, galanteio
Ondulante onde nos renovamos.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ " " ~~~~~~~~~~~~~~~~~

27 outubro 2008

mais textos no âmbito do 7º Jogo das 12 Palavras

mãe
*
a bailarina, antes coruscante luz, todo ela sintonia de gesto e sentimento, fez um último esforço e dançou melhor do que nunca. mal a escuridão dos apagados holofotes a recobriu deu-se a total capitulação. desarticulada boneca sem vida, caída no palco, possuída por estertores de convulsiva dor em choro solto pela perda do filho morto no acidente. a liberdade da dor de mãe a sobrepor-se à da artista.nenhum elogio ou galanteio à sua beleza , arte e harmonia logrou perfurar a envolvente carapaça de dor. Sabia que tudo isso era mais falaz do que a vida perdida.

^^^^^~~~~^^^^^^
palavras sem sentido
*
palavras há,
tais como escuridão,
capitulação… até falaz
que não entram em minha vida.
outras, como luz,
harmonia, liberdade
e sobre todas, sentimento
são gesto, galanteio
da vida com as quais,
sem esforço
estou em sintonia.
*
leve bailarina
na poalha da maresia.
^^^^^^~~~~~^^^^^

Falaz galanteio
*
O falaz galanteio sendo um gesto de liberdade, expressão bailarina de um sentimento, é também capitulação perante a arte ou a beleza que o motiva. Tanto se move sem esforço na luz, em pura sintonia e harmonia, como na escuridão mais torpe e mais baixa expressão.

Pensamento

«O progresso é a realização das utopias. (Oscar Wilde)»

Diz de tua justiça: concordas ou não? E porquê?

24 outubro 2008

NOVO BLOG SOBRE O LIVRO COLECTIVO "22 OLHARES SOBRE 12 PALAVRAS"

Acabei de construir um blog sobre o nosso projecto colectivo, o livro "22 Olhares sobre 12 Palavras".
Passem por lá e dêem sugestões de texto ou imagens que possam ser acrescentados.
Se quiserem enviem-mos que os coloco.

22 outubro 2008

novas de minha vida

Já vos contei que:
  1. tenho uma família nova;
  2. me chamo Julieta.

Mas ainda vos não contei como estou feliz com esta família humana e, o melhor de tudo: eles comigo. Adoptámo-nos mutuamente. Sem reservas.

Damo-nos como Deus com os Anjos.

Já fui de novo à veterinária que ficou "apaixonada" por mim, pelas minhas caracterísitcas de "lince" e disse que eu vendia saúde".

Agora, depois desta revisão geral e desparasitação, irei começar a vacinação de norma e porto-me sempre bem pois sei que é pela minha saúde.

Obrigada pelo carinho e atenção que me deram.

19 outubro 2008

reflexão em torno do pensamento de Teixeira de Pascoaes


Teixeira de Pascoaes afirmou que “o erro da sociedade “ era o de “ser um maquinismo em vez de ser um organismo”.
*maquinismo – qualquer peça é descartável e substituída por outra. O próprio maquinismo pode ser rejeitado e substituído por outro mais eficiente, mais produtivo.
* organismo – conjunto em que cada órgão tem igual valor para o todo, que cada órgão – parte do todo - é cuidado para o seu bom funcionamento e durabilidade do organismo. Nenhum órgão é descartável.
"

Se à época, Pascoaes emitiu esta avaliação-análise-crítica o que diria ele num período em que o neo-liberalismo, quase (?) capitalismo selvagem, com a sua face desumanizada e dominadora orienta as grandes linhas políticas ao invés de estas o orientarem, exercerem sobre ele o exercício regulador do mercado?
Num período em que o homem é, cada vez mais “o lobo do homem” em nome do lucro puro e duro, cujo deus maior é o “bezerro de ouro” em nome do qual tudo vale para que os “iluminados/os eleitos” pelo seu adorado “deus” dourado - não o dourado do nascer ou pôr-do-sol, o dourado da ternura, do respeito e do amor - acumulem fortunas cujos pilares assentam sobre a fome, a miséria, a morte sob múltiplas formas, uma das quais a guerra, ou as guerras pois a tipologia de armamento e o desequilíbrio de poderio de guerra de uns e de outros é cada vez mais desigual. A exploração de modos refinados em que a escravatura volta a ganhar forma sob novos modelos adequados à produção e ao lucro imediato.
Em suma toda a produção de riqueza tende a assentar sob uma amálgama de carne sangue e osso, de outros seres tão únicos e valiosos quanto eles, quanto qualquer um de nós.

A sociedade só será fraterna e justa quando funcionar como um organismo e como tal for respeitada. Onde cada parte, segmento do organismo – cada ser humano – seja igualmente
valorizado, cuidado e respeitado.
Vós e eu, não podemos descurar nenhuma parte do nosso organismo sob risco de falência. De morte. Do desaparecimento.
Assim a sociedade.
Enquanto mecanismo mata-se e mata tudo e todos.
Até os que acreditam, nos seus luxuosos apartamentos, moradias, coberturas, quintas, ilhas, etc, de tudo estarem protegidos por se julgarem próximos dos deuses num qualquer Olimpo
(os gregos antigos que me perdoem).
Os organismos, para além das partes que compõem o corpo material, físico, são uma unidade com algo invisível e indivisível que podemos designar como alma.
Ou será que corpos há que são meros mecanismos e esses não possuem alma porque não são nem aspiram a ser humanos?
Meras máquinas que dominam o mundo revestidos da formas dos humanos.
Nota bene - este texto fo escrito há 7 meses. Muito antes de nós, cidadãos comuns, sonharmos a enorme crise do capitalismo que sobre nós se ia abater e que afinal seria paga, de todas as formas, por nós . Sempre por nós.

23 setembro 2008

diz-me...


diz-me, porque estás aí sentado com esse olhar perdido e amortecido num imenso distanciamento? porque não vens comungar deste erodido e avassalador sentimento. esta fusão de mar, céu e azul em mim feitos tempestade?

porque te não moves, nada dizes, e te transformas no farol que necessito?a envolvente sombra que me esmaga transformada em inultrapassável degrau. moves-te. a esperança, ténue linha momentâneo sol, desfaz-se em mim. como o chocolate que tiras da caixa e metes na boca _______________olha para mim………..
______________________________inicia a viagem a dois para que a vida nos deu licença.
________ quando te conheci trazias flores nos braços. ou eram os teus braços as flores?________sentia-me criança perdida. irreal silhueta sem substância peso ou conteúdo. gota de orvalho sem poiso. pena no meio de devastador torvelinho _____________________________
___________a vulnerabilidade da morte atingira-me sem qualquer obstrução
na exponente manhã em que sentia a bela tapeçaria da vida a esboroar-se, a afastar-se. delida. sem possível conserto.
foste o anjo-da-guarda conselheiro que me trouxe de volta. mas agora estás aí. a comer chocolates ______________ quedo _____________mudo….enquanto a loucura assente em velhas raízes e lodo começa a emergir e num sobressalto me retira toda a água do corpo _________figura de cal.
na interminável busca de mim começo a vasculhar-me. e tu, aí! quieto ______________ calado e mudo ___________________saboreias os chocolates que retiras da caixa...
penso num método para me fazer ouvir… me tornar visível _________________________com olhos de cal procuro-me e vejo o que de mim resta. um cotovelo onde uma branca rosácea alastra ___________________________não há conversa ______________movimento _______ variável alguma que te faça abandonar o ostracismo em que vives? ou o ostracismo a que me votaste…?
não sei… construíste um casulo como se fosses único habitante de inexistente país. não há vapor que o amoleça queime e destrua. só talvez algum que do inferno ascenda directo ________________ até ti ___________________________vertical

nefelibata não de sonhos mas de pesadelos…

antes eram os teus braços___________ os teus braços eram as flores que recordo ___________________________ deixo-me inundar pelas memórias dos teus olhos brilhando na noite __________farol e luar.
Podes ler mais no Eremitério

20 setembro 2008

Nada de irremediável



Sabia que nada de irremediável lhe acontecera.

Apesar de abrir os olhos e não ver, de não ouvir qualquer som, de tentar falar e não articular palavra ou qualquer som lhe sair da boca, apesar de sentir o corpo e não o conseguir mover, sabia que nada de irremediável lhe acontecera.

Decidiu então aproveitar e descansar. Fechou os olhos que não viam, relaxou os membros que se não moviam, e centrou-se no pensamento e em situações de bem-estar e paz, momentos de alegria e contentamento, vividos.
Deixou-se flutuar nesse limbo interior sem tempo, enquanto este fluía.

O corpo, deitado na cama do hospital, era uma chaga de carne em sangue, tendões e ossos expostos, uma ferida aberta de onde irradiavam tubos a entrar e sair por todo ele ligados a máquinas de suporte de vida e que enchiam o pequeno cubículo isolado onde se encontrava.

Havia sempre, do lado de fora do vidro, pessoal de serviço vigilante aos monitores e à paciente numa concentração total e dolorosa até, pelo nível de aenção que se impunham.

O hospital agitava-se num frenesim temeroso poucas vezes antes sentido, tal a importância atribuída àquele ser humano, ao seu papel no mundo em prol da paz global e definitiva.
Salvar a mulher era um imperativo.
O medo do insucesso uma sombra que os seguia e oprimia.

Enquanto isso, a mulher no leito, jazia desligada de todo e qualquer sofrimento com a consciência plena de que nada de irremediável lhe acontecera.

No momento em que o coração parou de bater um sorriso espelhou-se-lhe no rosto antes inexpressivo e, enquanto a mulher que morria sorria, por todo o mundo as lágrimas caíam dos rostos como caudalosos rios e, no hospital, um silêncio de dor e respeito, juntamente com a consciência de uma perda imensa, percorreu todos os corredores, quartos e salas, como um vento desnorteado.



Só a mulher que morrera sabia que nada de irremediável acontecera.
PAULINO,Conceição(2007). "Salvador o Hmeme e Textos InConSequentes. S. Mamede de Infesta: edium editores: 61-62

15 setembro 2008

Blogagem colectiva por Flávia

Blogagem Colectiva para Flávia em 9/Set/2008
A Odele, mãe de Flavia, desenvolve há anos uma luta por sua filha Flávia que está em coma (AQUI) convocou uma mobilização para hoje, dia 15/09. O caso está para ser julgado em Brasília.
Junta-te a nós porque há coisas que valem.

13 setembro 2008

é cedo?

Olhem que nem tanto....Ou, parafraseando frase que ficou célebre entre os nossos políticos via T.V: "olhe que não, olhe que não....!"

O livro, antológico, «22 OLHARES SOBRE 12 PALAVRAS» tem já a 1ª apresentação marcada para dia 22 de Novembro, 16H00, no Palacete Visconde Balsemão, à Praça Carlos Alberto no Porto.
Apresentação a cargo de Jorge Castro, o "ORCA", com prefácio de outro amigo, José António Barreiros, editado por Jorge Castelo Branco _ edium editores.
No livro encontrarás para cima de 100 textos tecidos por estes diferentes olhares debruçados sobre as 12 Palavras obrigatórias em cada um dos Jogos.
Sendo um exercício de escrita criativa torna-se fascinante pela variedade de caminhos que cada olhar abre. Por vezes caminhos insuspeitos aos outros olhares e que nos pegam de surpresa e...fascínio.
ESTÁS DESDE JÁ CONVIDADO/A
e é boa altura para agendares _ na agenda, no telemóvel, no computador...
mas agenda o teu próximo dia 22 de Novembro no Salão de Baile do Palacete, onde decorrerá a sessão, e vem, blogger que és, ser solidário com estes 22 bloggers que se meteram nesta louca aventura de um livro colectivo, afinal não tão louca pois já quase o temos em mãos e... 22 de Novembro...é já!
Se quiseres fazer pré-reserva envia email para ediumeditores@gmail.com
Lembra-te que o Natal está à porta e um livro é sempre excelente companhia.
Até já
Mantém-te informado/a sobre novos lançamentos da edium editores

06 setembro 2008

o jarro


nasceu-lhe um sol
no corpo

consumiu-o

branca corola
resplandendo

no meio um farol
iuminando caminhos.