29 novembro 2004

AVISO A QUEM POR AQUI PASSA, VOLTA E MEIA....

....MEIA VOLTA!
VOU ESTAR AUSENTE POR UNS DIAS E SEM HIPÓTESE DE AQUI ESCREVER. lÁ PARA DOMINGO, 05 DE DEZEMBRO, ESTAREI DE VOLTA.
ESPERO QUE VOCÊS TAMBÉM.
POR CÁ NOS ENCONTRAREMOS ;)
XOS. CHUAC, CHUAC...........
MOLHINHOS DELES. COLORIDOS, PINTALGADOS, MACIOS E AVELUDADOS ;) @-',--

28 novembro 2004

JARDINS FLORIDOS

«Deixar de ser amada, é tornar-se invisível. Tu já não te apercebes de que eu tenho um corpo.»

27 novembro 2004

HISTÓRIA DE UM "QUOCIENTE APAIXONADO"

Um Quociente apaixonou-se
Um dia
Doidamente
Por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumerável
E viu-a, do Ápice à Base...
Uma Figura Ímpar;
Olhos rombóides, boca trapezóide,
Corpo ortogonal, seios esferóides.

Fez da sua
Uma vida
Paralela a dela.
Até que se encontraram
No Infinito.

"Quem és tu?" indagou ele
Com ânsia radical.
"Sou a soma do quadrado dos catetos.
Mas pode me chamar de Hipotenusa."

E de falarem descobriram que eram
- O que, em aritmética, corresponde
A almas irmãs -
Primos-entre-si.

E assim se amaram
Ao quadrado da velocidade da luz.
Numa sexta potenciação
Traçando
Ao sabor do momento
E da paixão
Rectas, curvas, círculos e linhas senoidais.

Escandalizaram os ortodoxos
das fórmulas euclideanas
E os exegetas do Universo Finito.
Romperam convenções newtonianas
e pitagóricas.
E, enfim, resolveram se casar

Constituir um lar.
Mais que um lar.
Uma Perpendicular.
Convidaram para padrinhos
O Poliedro e a Bissectriz.

E fizeram planos, equações e
diagramas para o futuro
Sonhando com uma felicidade
Integral
E diferencial.

E se casaram e tiveram
uma secante e três cones
Muito engraçadinhos.
E foram felizes
Até aquele dia
Em que tudo, afinal,
Vira monotonia.

Foi então que surgiu
O Máximo Divisor Comum...
Frequentador de Círculos Concêntricos.
Viciosos.
Ofereceu-lhe, a ela,
Uma Grandeza Absoluta,
E reduziu-a a um Denominador Comum.

Ele, Quociente, percebeu
Que com ela não formava mais Um Todo.
Uma Unidade.
Era o Triângulo,
Tanto chamado amoroso.

Desse problema ela era a fracção
Mais ordinária.
Mas foi então que Einstein descobriu a
Relatividade.

E tudo que era espúrio passou a ser
Moralidade
Como aliás, em qualquer
Sociedade.


(Autor desconhecido -circula livremenmte por aí, na net!)

26 novembro 2004

UM RIO INTENSO E SUBMERSO CORRE

UM RIO INTENSO E SUBMERSO CORRE
FORMANDO UM INFINITO DE DESEJO
PERCORRE MEANDROS OCULTOS DENSO
FLUINDO SE O ENSEJO O LIBERTANDO.
E À RÉS DO PORO RESPIRADO A TERNURA
É LUZ INCENDIANDO O CORPO TODO
NUM JOGO INVENTADO DE CANDURA
O MUNDO RODANDO DE PAIXÃO ILUMINADO.


(Do livro: AS TAREFAS TRANSPARENTES)

24 novembro 2004

JÁ QUE O MUNDO É UMA BOLA QUE REBOLA (parte 3)

(O regressado do esquecimento pela indiferença)

Esquecera-se ele de Constâncio, seu amigo desde a escola primária, ao contabilizar a ausência ou presença de amizades na sua vida, pela desvalia em que as tinha.
Fazendo jus ao nome, Constâncio era fiel a uma amizade que só existia na sua cabeça e, crê-se no seu coração. Haviam sido colegas de carteira desde a primeira até à quarta classe e continuaram no mesmo liceu e turma até ao final.
Assim, sem esforço de qualquer um, muito menos de Mércio, solidificara-se uma relação infanto-juvenil que durava, unilateralmente, ao longo dos anos, inclusive à mudança de século.
Não sendo a família de Mércio uma família ilustre pertencia à burguesia endinheirada de Matosinhos, possuindo, para além da moradia própria em que habitavam, uma segunda e opulenta casa em Espinho para onde iam a banhos durante quase todo o Verão.
Por seu lado Constâncio Oliveira Neves, era filho de trabalhadores assalariados que viviam modestamente, em casa de aluguer, sempre a deitar contas à vida, no sonho de fazer mais umas poupanças que iam enterrando na casa que herdaram na aldeia das Neves, no distrito de Beja, de onde eram oriundos e de onde tinham fugido por causa das perseguições políticas feitas pela PIDE-DGS, dada a proclara simpatia pelos vermelhos e a antipatia ao regime.
Apesar de já estarem a residir no norte há largos anos, o filho já aí fora gerado, o seu sonho continuava a ser regressar ao Alentejo. Como a maioria dos emigrantes deseja regressar a Portugal, cá envelhecer e morrer falando uma língua "
que toda a gente entende".
Depois do 25 de Abril de 1974 pensaram os pais Oliveira Neves em retornar, mas deitando contas aos anos de trabalho, às convulsões em que o Alentejo se encontrava mergulhado com a reforma agrária e o enorme atraso a que tinha sido sujeito, em represália, pelos governos de Salazar e de Caetano (atraso ainda maior do que o geral do país. Talvez só comparável ao de algumas zonas das Beiras e, principalmente de Trás-os-Montes), decidiram continuar nas suas vidas sem turbulências, dado serem pacatos, respeitadores, trabalhadores e bons vizinhos, tendo, depois de evaporada a inicial desconfiança das gentes de Matosinhos, sido bem aceites e feito inúmeras amizades ganhando o respeito dos que com eles privavam. Viviam pois, como diziam:
"remediados"!
Ora Mércio levava para as aulas, lautos lanches bem recheados de vitualhas que não faziam mesa em casa dos Oliveira Neves. Vitualhas que repartia irmãmente com Constâncio, mais por inércia do que por generosidade, facto que ao outro era alheio. Para Constâncio o que contava era que o amigo sempre dividira os lanches , sempre o aceitara e integrara nos seus folguedos, privando quase em exclusividade com ele, o que interpretava como sinal de amizade maior.
Pois foi este mesmo Constâncio que um dia lhe bateu à porta e lhe aterrou nos braços, num abraço de urso enquanto, sem parar e preso de grande comoção a raiar as lágrimas, repetia: “ora, não querem lá ver, o meu grande amigo Mércio!”
Mércio não reagiu. Como poderia ele perante esta explosão, esta avalanche de homem e de amizade que, literalmente lhe caiu em cima, sendo ele um indivíduo seco, sem emoções, quanto mais explosões?
Paralisado deixou-se ser abraçado, apalpado, a ver o estado de conservação enquanto Constâncio dizia: “
mas tu tás bem pá, tás bem! Talvez um pouco gorducho, mas tás bem....” . E lá lhe ia dando carinhosos beliscões nas bochechas.
(Fim da 3ª parte)

23 novembro 2004

O SR. MÉRCIO DA SILVEIRA

...de que vos falo lá atrás. Lá bem atrás! Telefonou.
Como não atendesse (por acaso tinha ido ao cinema ver: "A VIDA É UM MILAGRE") deixou mensagem no voice-mail a dizer que me vai fazer uma surpresa. Que está por aí a aparecer...
Pois que venha! Será bem recebido!
Aguardemos então a visita de tão imponente personagem!

20 novembro 2004

FLORIDOS CAMPOS

AVISO À NAVEGAÇÃO:
Aqui fica um pensamento para este domingo. Ou seja: amanhã!
Feeding Birds

«Para aqueles que amam o tempo não existe, (...) arrancaram o coração para o darem ao ser amado;(...)»




????????????????? NÃO SEI!!!!!

Scared To Death 2

POR VEZES TENHO A MUITO BIZARRA SENSAÇÃO DE SER INVISÍVEL PARA OS OUTROS.

NÃO O MEU CORPO FÍSICO, MAS "EU"! O MEU EU INTERIOR!

A forma como me recriam/me "representam", me olham me pensam e, afinal me vêem!

Certamente o choque entre as representações próprias e as alheias.

O choque entre a (minha) representação esperada (pelos outros) e a que eu sou, para além da que eu gostaria (?) de ser (sociológicamente falando).

Mas não é nada agradável esta sensação de invisibilidade.

?



19 novembro 2004

AFINAL HOJE AINDA SÓ É SEXTA-FEIRA!!!

Tenho uma tristeza
tão profunda e tão real
como se fosse coisa física.
Hand Hand
Pego-lhe com as mãos
e coloco-a num móvel,
à minha frente.
Desk
E observo-a. Tão espantada
quanto a noite,
por tal coisa existir em mim.

Tão grande e tão funda.

E retirando-a eu de mim,

com as mãos, ela continuar

(ainda assim) presente.

Fainting

(Do livro: AS TAREFAS TRANSPARENTES)




18 novembro 2004

A madrugada apanhou-me desprevenida. De olhos abertos, fixando a abóbada celeste. Stargazing
A luz dos candeeiros da rua ofuscava o brilho das estrelas, mas ainda assim conseguia ver muitas e vi-as rodar à medida que a noite avançou.
Posteriormente vi-as, como que diluirem-se no azul com o avançar da madrugada.
O curioso é que não tinha nada específico para fazer. Não estou a ler nenhum daqueles livros que se lêem de fôlego, sem parar.
Nenhuma outra tarefa me impunha uma "directa".
Nada de nada (conscientemente) me obrigava a manter a vigília.
Estava acordada porque sim!
Os pensamentos não me eram mais pesados do que habitualmente (talvez a tragédia - densa palavra - seja o dia a dia ser um fardo tão grande).
Era tudo e era nada: os problemas, as tristezas, as ausências..., mas também um certo bem-estar por estar viva num planeta tão belo.
O que mais doi é este amor perdido, sem razão, sem razões.
Há muito perdido e ainda tão presente.
O outro, sentido como uma parte de mim que se foi. Tanta água já correu por debaixo destas pontes....Tanta mais correrá e nós sem de nós sabermos.
Porque foi que nos perdemos um do outro no caminhar?
Como se um fosse pela bifurcação da direita e o outro, pela da esquerda.
Parecia caminharmos a par... Ilusão!
Súbita e dolorosa a percepção de que nos afastáramos irremediavelmente,que a comunicação era toda deturpada, que os interesses e a percepção do mundo nos antagonizavam, para além do imaginável.
Perdemo-nos.
Fomos encontrando bocados de nós e com eles reconstruindo novos seres, que continuam vivos e criaram novas vidas.
Não é saudosismo. Nem sei o que isso é. Nunca passei nesse quintal!
É um pouco como a consciência de algo perfeito que se teve, viveu e se perdeu!
Creation Of Adam






17 novembro 2004

PEDIRAM-ME QUE ESCREVESSE SOBRE A AMIZADE

Raining Hearts

Uma menina chamada Inês pediu-me um poema sobre a amizade.

Tenho andado a pensar na forma e no conteúdo. Quer no tocante ao conteúdo em si, quer às palavras possíveis que o tornem inteligível para crianças de oito anos, dado que pretende levá-lo para a escola, para o partilhar com a professora e colegas.

Estou na fase de escrever as ideias avulsas, que me ocorrem, para posteriormente lhes dar o corpo final.

Hoje lembrei-me de duas citações que transcrevo :

  1. «A amizade é um problema dos homens. É o romantismo deles.»(50)*
  2. «A amizade, esvaziada do seu conteúdo de outrora, transformou-se hoje num contrato de atenções recíprocas(...) num contrato de delicadeza.»(51)*

É certo que são, digamos cínicas (não porque não sejam verdadeiras, mas porque são duras como punhos) para integrar em qualqur texto para crianças.

Lembrei-me de vos deixar o desafio:

Partilhem comigo os vossos pensamentos/reflexões e experiências, sobre e de amizade, de forma que possam enriquecer o produto final.

Espero os vossos preciosos contributos. Email Balloons

Bem hajam.

*In,KUNDERA, Milan (2002)








16 novembro 2004

DESPERTAR

(3º E ÚLTIMA PARTE)
Apesar da chuva, ou talvez ainda mais por isso, era tão estranha a situação daquela mulher, sentada nua, no meio do jardim, abraçada aos joelhos a chorar convulsivamente, sem que o rosto se alterasse, que as pessoas começaram a parar e a interrrogar-se sobre o que haviam de fazer.
Foram fazendo uma roda à volta da mulher mas ela de nada se apercebia.
No corpo nu a água deslizava.
Os passantes, vestidos, estavam a ficar ensopados, mas a situação tão estranha da mulher ali sentada, nua, abraçada aos joelhos, chorando com convulsões que lhe arrancavam sons de dentro do peito enquanto o rosto não dava outros sinais de vida a não ser o rolar constante, contínuo, de lágrimas competindo com a chuva...., misturando-se com esta, mantinha-os fascinados.
Falavam uns com os outros sem saber o que fazer. Tapá-la talvez? Chamar o 115*? Alguém a conhecia?...?
A mulher sentiu o corpo abrir-se-lhe e o sémen escorrer por ele. Abundante e quente, como se acabasse de ter o orgasmo.
Deixou-o sair. Infiltrar-se na terra. Para isso ali fora. Para a fecundar .
Saiu um jorro. A mulher parou de chorar. Parou a chuva.
As nuvens voaram, céleres, abrindo clareiras de azul e o sol incidiu sobre o corpo nu da mulher que continuava impassível com um imperceptível sorriso no rosto.
Os caminhantes apressados que haviam parado, intrigados ou preocupados talvez, acharam que era melhor dispersar, já que a mulher nua continuava calma como se estivesse sozinha no mundo.
Abalaram.
E ela ficou.
Sozinha no mundo. Fecundadas.
A terra e ela.
Yin Yang
*N.B - QUANDO FOI ESCRITO AINDA VIGORAVA O Nº 115 PARA AS EMERGÊNCIAS.
(Do livro: FALAR MULHER)





15 novembro 2004

DESPERTAR

(Continuação)

Ficou. Deitado o corpo na posição inicial. Abertos os olhos fitando a cúpula dos céus e vendo a sua casa, a sua pátria.
Via-se a caminhar pela velha linha de combóio desactivada, com as botas de inverno enlameadas. Uma poalha caía ininterrupta dando um ar de sonolência ao mundo.

De vez em quando baixava-se e esgaravatava na terra.
Procurava os musgos mais verdes/dourado. Mais altos, fofos e macios para montar o presépio.
A terra conversava com ela. Sorria.
O corpo nu da mulher continuava deitado sobre a terra. O vento gelado do inverno fustigava-a. Não via. Não sentia.
Não sabia que estava ali e não na sua casa, na sua pátria.
Da mesma forma os olhos abertos, sem nunca pestanejarem, mas também sem nada olharem ou verem.
Sentou-se. Flectiu os joelhos. Dobrou o torso para a frente, sobre os joelhos que abraçou com os braços. Pensou que devia chover: "deve estar a chover na minha pátria, ...". Embalou-se suavemente.
Dos seus olhos começaram a cair grossa lágrimas, de fio..., de fio...
Chorava a mulher. O corpo, agora mais exposto ao vento gelado, enrolado à volta dos joelhos, abraçado a embalar-se ritmadamente.
No céu as nuvens escuras carregadas correram e começou a chover, violentamente.
Chorava a mulher e o mundo.
Misturadas as águas.
Guardava dentro de si o sémen.
Sentia os pêlos púbicos empastados pelos fluidos de ambos que assim perservara.
A água escorria e lavava-lhe o corpo nu.
A alma andava longe. Andava na pátria da mulher e eesquecera-se do corpo ali. Dos olhos da mulher brotavam tantas lágrimas como nunca alguém julgaria possível.
Pareciam competir, os olhos e os céus, na chuva que deitavam, abundante, sobre a terra.
Foi assim que a encontraram. Encontraram? Que a viram....

(continua)

14 novembro 2004

MISTERIOSOS FLUXOS DE ALMA(S)

Há, entre nós e a vida, um misterioso e mágico movimento de retorno.
Nos locais e momentos mais inesperados encontramos pessoas que vão desempenhar um papel determinante no nosso crescimento enquanto seres humanos o mesmo se passando com os livros.
A coincidência e o acaso não existem.
Há corrente e tensões, fluxos de energia, quer de atracção quer de retracção, que aproximam ou afastam de nós, tanto pessoas como coisas/livros, por estarmos ou não «preparados» para os ler.
Isto é, para, ao descodificá-los nos descodificarmos e ganharmos mais uma pequena parcela no caminho do auto-conhecimento em direcção à fonte.
E falo, talvez, dos nossos fugazes encontros e/ou desencontros.
Das emoções, positivas e negativas, de que tu não falas (nem tens que o fazer).

Tenho pena (apesar de não valer a pena ter pena) de não termos passado mais tempo juntos.
Será porque este não é o tempo de ou para estarmos juntos? Painted I Love You






FLORIDOS CAMPOS

Gardening

REFLICTAMOS NESTA FRASE:

«...não herdamos a terra dos nossos antepassados; ela foi-nos emprestada pelos nossos filhos.»

Saint-Exupéry (1900-44)







13 novembro 2004

DESPERTAR


House
Acordou e interrogou-se. Por que razão estava ali, naquele quarto, naquela cama?
Levantou-se e caminhou procurando orientar-se e encontrar a porta para a rua.
Eram longos os corredores da casa.
Grande. Vazia. Cheia de silêncios.
Devagar foi caminhando até saber que chegara à porta que conduzia à rua.
Percorrera quase toda a casa e não encontrara ninguém. Não ouvira qualquer ruído indicador de que, para além de si, mais alguém se encontrasse na casa.
Abriu a porta e saiu. Um patamar. Umas breves escadas e...a rua.
Foi sempre caminhando. Não via ninguém.
Sentia os ruídos da vida, o sopro do vento e o ar, vivo, a entrar-lhe nos pulmões.
Porque estava ali e não em casa? Na sua pátria?
Caminhou como quem conhece o caminho.
Tree 5 Tree 2 Tree 3 Tree Tree 4 Tree 2 Tree 5 Tree 4 Tree
Foi dar a um imenso campo, jardim ou bosque. Procurou-lhe o ponto central e deitou-se, de costas. Abertos os braços, em cruz. As pernas abertas também, ligeiramente afastadas.
A tocar a maior superfície possível de terra com o seu corpo franzino.
Os olhos mantinham-se abertos desde que acordara. Lá no alto estava o céu, mas não o via. Sentia. Só sentia.
Sentia o frémito da terra-mãe debaixo do corpo. Sentia um vento gelado a fustigar-lhe o corpo, mas não sentia frio. Ouvia, dentro de si, mais profundamente do que ao nível simples dos ouvidos, a conversa murmurada das plantas rasteiras e do arvoredo.
(continua)









12 novembro 2004

AQUELA MULHER JOVEM CAMINHA


Aquela mulher jovem, caminha.
Pesada das horas de trabalho,
dos sacos das compras, das horas
nos autocarros. Embaciados os gestos.


A luz não a ilumina, envergonhada
da vergonha que sente. Teimosa
continua em frente, qual animal
perdido, a quem a vida não consente.

(Do livro: FALAR MULHER)


Mouse On Wheel





11 novembro 2004

FRAGMENTOS 1

SnorkelGuiadas as águas do corpo, pelo brando rumor do mar, caminhou até à praia.
Cerrado, espesso e frio o nevoeiro. Invisível o mundo. Só por este secreto diálogo, das águas presas às águas correntes é a orientção possível.
Ouve as vozes das carpideiras.
Por elas sabe que chegará à praia. Lugar de todos os inícios.
É cada vez mais espesso o nevoeiro. O vento arrasta grandes e geladas núvens brancas que a atravessam como a um corpo imaterial.
Avolumam-se as vozes das carpideiras.
Estão por todo o lado. Como o nevoeiro.
Não se lhes vê a origem.
O doloroso choro é o único som existente no mundo. Nada se ouve para além dele. Envolvente, gritado e sustido por dezenas de vozes.
Como um arrepio arranha tudo o que alcança.
O volume aumenta e diminui numa cadência de dor, sempre presente,sempre sustida; em todos os lugares, mesmo no mais espesso leito do nevoeiro.
Às cegas caminha pela praia. Procura as carpideiras, mas o seu choro é tão espesso como o nevoeiro, sempre tão perto e tão intocável. Toca-nos, mas não nos permite tocar-lhe.
Fugidio. Errante e no entanto envolvente como um útero, não lhe permite alcançá-las.
Tudo passa por ela como por um ser incorpóreo. Caminha sempre.
O frio envolve-a cada vez mais. Não é possível a orientação naquele muro gritado, opaco de dor e nevoeiro.
Cortante como gume de gelo.

(Do livro: FALAR MULHER)








PEQUENO POEMA

Visit My Mail Stamp!
FURTOS

Entre a casca e o olhar, a pele.

(INÉDITO)







10 novembro 2004

PORQUE É PRECISO OLHAR O MUNDO COM OLHOS DE CRIANÇA

...partilho algumas palavras/poemas de encantar
para nos re-ensinarem a OLHAR :
"Silêncio é o barulho baixinho!..."Fairy
Sara Peixoto, 3 anos

"Um livro tem palavras que fazem sonhos."Relaxing By The Fire
Joana Cruz, 3 anos

"Poesia é uma coisa que não é a mesma coisa mas é igual"Dove
Beatriz Bruno Antunes, 4 anos

"Este gelado até inverna as mãos."
Gonçalo Gonçalves, 4 anos

"Estou com tosse. Engoli frio um dia." Snow Storm
Inês Fernandes, 4 anos

"Eu faço magia quando abraço o meu pai." Big Hug
Cláudio Almeida, 4 anos

"Quando o ar cheira bem é porque os astronautas no espaço estão a comer rebuçados."Lollipop 2LollipopLollipop 2
Gustavo Almeida, 5 anos

"O céu à noite é um lençol com estrelas."StarsStarsStars
Gustavo Almeida, 5 anos

"Os namorados são amigos de casamento"Bride & Groom
Ariana Semedo, 6 anos

"O Amor é o dobro." Love You A TonLove You A Ton

Pedro Martins, 5 anos

Circle Of Hearts
(Desconheço autor/a de recolha. Maria Rosa Colaço? - talvez)