24 abril 2007

25 de ABRIL SEMPRE (apesar dos pesares...)


Eu Vim de Longe

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Quando o avião aqui chegou

Quando o mês de Maio começou

Eu olhei para ti

Então entendi

Foi um sonho mau que já passou

Foi um mau bocado que acabou

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Tinha esta viola numa mão

Uma flor vermelha n'outra mão

Tinha um grande amor

Marcado pela dor

E quando a fronteira me abraçou

Foi esta bagagem que encontrou

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Eu vim de longe

De muito longe

O que eu andei p'ra aqui chegar

Eu vou p'ra longe

P'ra muito longe

Onde nos vamos encontrar

Com o que temos p'ra nos dar

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E então olhei à minha volta

Vi tanta esperança andar à solta

Que não hesitei

E os hinos cantei

Foram feitos do meu coração

Feitos de alegria e de paixão

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Quando a nossa festa se estragou

E o mês de Novembro se vingou

Eu olhei p'ra ti

E então entendi

Foi um sonho lindo que acabou

Houve aqui alguém que se enganou

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Tinha esta viola numa mão

Coisas começadas noutra mão

Tinha um grande amor

Marcado pela dor

E quando a espingarda se virou

Foi p'ra esta força que apontou

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Eu vim de longe

De muito longe

O que eu andei p'ra aqui chegar

Eu vou p'ra longe

P'ra muito longe

Onde nos vamos encontrar

Com o que temos p'ra nos dar

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José Mário Branco (in "Ser Solidário", 1982; reed. EMI-VC, 1996)


Queria encontrar uma gravação de Grãndola Vila Morena por Zeca Afonso, mas não consegui. De qualquer das formas, porque o 25 de Abril de 1974 sempre existiu na voz e canções de Zeca , memso antes de ter eclodido,deixo estes vídeos.

Para aceder clicas no nome dele, atrás.

Depois sugiro-te que cliques na 4ª imagem para o ouvires (excerto do concerto ao vivo no Coliseu de Lxª) bem como na última .




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13 abril 2007

divagando e vadiando em raio de sol

Ontem, estava eu a pensar com os meus botões (mentais) que devia sair a aproveitar o sol que tem andado tão errático, quando a campaínha tocou, suave.

Um quase não toque, de tão suave e tímido que foi o sonido provocado.

Fiquei na dúvida. Se campaínha sim ou não...Na dúvida resolvi atender.

A vossa imaginação não ia lá.

Da mesma forma tudo em mim gritava: erro, engano!

Os sentidos ludibriam-te e a razão também...

Aí, o chapéu já estava na mão de dedos finos e ele falou: "Bom dia! Creio que me conhece..., Alberto Caeiro. Um seu criado."

Concluí: durmo e sonho.

Pois sonhemos os dois.

E, palavra dele palavra minha, depois de o convidar a entrar disse-me: «Vim convidá-la para sair e apanhar sol. Sei que o quer fazer e acaba sempre protelando....Não me negará tal privilégio

(PRI-VI-LÉ-GI-O????

Céus. Inchei como um sapo. Fernando Pessoa/Alberto Caeiro, na minha sala, a convidar-me para irmos apanhar sol e conversar).

Sei que gosta de ar lvre,.... de esplanadas...

Já me informei e está tudo acertado. Vamos?»

E dizendo isto ofereceu-me o braço.

Aceitei-o e saímos. Calmo ele, excitadíssima eu.

E assim, há dois dias que temos andado na companhia um do outro, ainda que não entenda que graça pode ele achar na minha...


Porque afinal não sonhava. Estava mesmo acordada.



E no meio destas horas e de muita divaçação minha que ele escutou atenta e polidamente, sem mostrar tédio, mostrei-lhe uma adaptação livre que fizera num poema dele (receosa - mas achou piada. riu-se. Um riso - como direi? - casquinado, contido mas genuíno...? e terminou com uma palavra suavemente murmurada: "criança" - quase não dita. Como se um pensamento se lhe houvesse escapado e eu o captasse.

Sinceramete, como compreenderão, este encontro e convívio deixou-me fora de mim e a razão e inspiração, que já de si fracas, andam agora baralhadas com a emoção.

Deixo-vos com o original dele (vejam só! Até já digo: "dele".

Assim. Como se tivéssemos sido colegas de escola...

Ai, ai, receio estar a perder o tino..)


«Quem me dera que a minha vida fosse um carro de bois

Que vem a chiar, manhãzinha cedo, pela estrada..»

E que para de onde veio volta depois

Quase à noitinha pela mesma estrada.(...)»


E agora o meu acrescento que lhe li:


Eu não tinha que ter, ou ser, ambição, competências

Específicas, diferenciadas. Nem saberes sempre

Actualizados. Nem competição e desumana

E desenfreada concorrência.


retorno a Alberto Caeiro....



«Eu não tinha que ter esperanças - tinha só que ter rodas...

A minha velhice não tinha rugas nem cabelo branco...

Quando eu já não servia, tiravam-me as rodas
E eu ficava virado e partido no fundo de um barranco.»



Alberto Caeiro



06 abril 2007

minha reflexão Pascal

Considero necessário dizer que não sou católica nem seguidora de qualquer religião.

Considero as religiões ORGANIZADAS mais um dos males que têm atormentado a humanidade.
Creio-as totalmente desnecessárias e até inibidoras (muitas vezes) do assumir pleno das responsabilidades individuais enquanto seres também espirituais.

Há, nas várias religiões, seres, profetas, avatares, que me são muito queridos pelo paradigma que representam relativamanete ao nosso potencial e desenvolvimento, não tecnológico, mas verdadeiramente espiritual/Humano.
Cristo é um desses seres
. A leitura que faço da sua existência não é coincidente com a da Igreja Católica, mas não
duvido que esse Ser existiu.

Ontem, reflectindo, mais do que meditando, pensei em como a morte de Cristo continua a acontecer diariamente por todo o mundo, em cada ser humano que morre, vítima de guerras que existem em cada canto do globo, e, afinal, vendo bem, pelos mesmos motivos:

  1. 1 . não quererem (0s) perder certo modo de vida e regeitarem o diferente;
  2. 2 .receio da força ou riqueza de outros países e eventual predomínio destes em sectores produtores de riqueza - o bezerro de ouro está na moda:
  3. inveja dos bens que outros têm nos seus territórios;
  4. 4 . medo da mudança. Toda e qualquer mudança da ordem dominante em "tribos"(refiro-me ao conceito sociológico) e países que ponha em causa o Seu bemestar e statu quo;
  5. 5 . etc, etc, etc..........Ou seja: Ganãncia, inveja, poder e medo!

Cheguei pois à conclusão que a história diariamente se repete.

E nós ignoramos.

Estamos cansados, acomodamo-nos, calamo-nos....

Martin Luther King disse e hoje atrevo-me a repeti-lo: "O que me preocupa não é o grito dos violentos. É o silêncio dos bons."
Sei que haverá sempre por aí, pelo menos uma voz que gritará: "HEREGE! Compara Jesus Cristo a qualquer homem ou mulher!"(mas não somos, infelizmente, já e só, seres de luz como ele seria/foi).

Pois Ele o disse.!

E as igrejas o afirmam: SOMOS TODOS FILHOS DE DEUS.

Então, nesta sexta-feira, 6 de Abril de 2007, denominada de Sexta-feira Santa, começando em Cristo (modelo para que todos devemos tender), continuando com todos os homens, mulheres e crianças, meus irmãos e irmãs, que morrem noutras "cruzes" e "cruzadas" vos digo:

hoje choro e estou de luto.

Por todos os que diariamnete são "crucificados" em nome de interesses materiais e pura cobiça.

A cupidez e a estupidez são tantas que até ao planeta, nosso suporte e sustentáculo de vida a todos os níveis, materiais e outros que nem apercebemos, fazemos guerrra.

03 abril 2007

MÃE

Hoje passa o aniversário de nascimento de minha MÃE que partiu há quase 23 anos.
Sei-o porque se foi no dia de aniversário de minha filha mais velha. Em Maio.

E quero dizê-lo bem alto, para que todos os que por aqui passarem o saibam.
O quanto a amei e amo.
Respeitei e respeito, apesar de saber bem que fui uma adolescente e jovem difícil de gerir segundo ospadrões que lhe haviam incutido.
Nunca lhe facilitei a vida, é facto, mas fez parte do crescimento.

De ambas, porque mais tarde veio a ser capaz de olhar certas normas, regras e princípios, de outra forma.
De uma forma mais aberta. De quem se abre à vida e à mudança.
Tenho pena de não ser capaz de escrever um texto, prosa ou poesia que de tudo isto fale com beleza, mas, curiosamente, ou talvez não, nunca fui capaz, nem tento, porque as palavras me parecem incapazes e insuficientes, de o dizer, quer para ela, quer para as filhas e neta.

Tenho saudades - o egoísmo mascara-se tantas vezes de "amor" - mas amiúde sinto sua presença e seu carinho derramando-se sobre mim como um bálsamo calmante.


Na casa, hoje a vela arde por ela, para ela.
Os bálsamos perfumam o ar convidando sua presença e aqui, convosco, partilho meu amor e deixo as flores e as orquídeas.
Foram-me oferecidas pela neta Carla e sua bisneta - minha neta Inês - no dia da mãe em 2006.
Como se vê florescem bem.
Este ano são para ti, MÃE.