19 agosto 2015

a viagem


a Estrela d’Alva anuncia a mudança. as transformações do dia são já bem visíveis.
acelero a passada para aproveitar a orientação que as estrelas me dão. elas são a carta pela qual, sem sofisma ou possível paralogismo me oriento. não só no plano físico, geográfico, como noutros planos menos visíveis a olhares despreparados. não iniciados.
sem elas paro. alimento-me e descanso. preparo-me, física e espiritualmente, para nova caminhada mal surjam no céu.
através delas desvendo o caminho a seguir, iluminado pela sua luz difusa por vezes fortalecida pela fria luz lunar.
preparo-me para o reencontro com o meu patrono. fonte de bondade. oráculo por onde a voz dos deuses passa. tal a sabedoria e as profecias correctas e justas que pronuncia.
estendo, no chão, o manto de viagem que me cobre e onde, um pouco mais tarde, repousarei. acendo uma pequena fogueira e nela aqueço, hidratando-os com água, os alimentos secos que trago na mochila, enriquecendo-os com ervas colhidas ao longo do dia.
agradeço os alimentos e todas as dádivas recebidas. finalmente deito o corpo e repouso.
é então que o cansaço começa a inundar os músculos até que se liberta e o sono me cobre de paz.

Conceição Paulino/Maria Eugénio
(foto: Gisele Priebe (?) são os dados que possuo....)