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Frú-Frú
OS MEUS MELHORES AMIGOS SÃO ALLIENS
(excerto do conto)
É a mais pura verdade e só a descobri hoje. Por alturas do lanche.
A minha mãe veio visitar-me e estávamos na sala, lanchando, quando esta descoberta me atingiu, fulminante como um raio, entre duas dentadas na torrada, crocante, como só ela sabe fazer.
A mãe falava e eu ouvia-a, deliciada, matando as saudades da sua voz e do seu jeito tão peculiar de discorrer sobre as coisas; as memórias, acontecimentos passados e recentes.
Falava ela então da cadela Batalha, depois de já ter falado do gato Pimpolho e de como este ouvia, e reconhecia o assobio de meu pai a uns três quilómetros, plantando-se, desde logo, à porta de casa vindo não se sabia de onde, esperando-o.
Lembrava, na sua voz suave e pausada, o dia em que a cadela fora salva de ser abatida por meu pai, numa visita ao Monte dos Galhardos.
Queixava-se o bom do homem que já tivera que pagar indemnizações e tratamentos hospitalares porque quando o pessoal andava nas mondas, ou ceifas, mandavam uma mulher com “enfusas[C.E1] ” pedir água do poço, que cedia de bom grado, mas o diacho da cadela não podia ver as mulheres e atacava-as, sendo que se lhe não deitassem a mão as esfacelava. Assim sendo, dera ele ordens ao maioral para a abater.
[C.E1]Designação popular no Alentejo para as bilhas de barro.
TMara