12 maio 2005

Revelação (4ª parte)

Revelação (4ª parte)

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Correram, dois dias depois, ao consultório do pedo-psiquiatra, a narrar-lhe as tristes novidades, mas esperançados em que o atraso se devesse a esse funesto hábito e que, uma vez descoberto, pudesse ser tratado e minimizadas as consequências. Desenganou-os médico. Que a deficiência, o retardamento, tinha a ver com a fase de gestação e não com comportamentos adquiridos, ainda que estes em nada a melhorassem.

Ficou ali assente que todas as bebidas alcoólicas passariam a ser fechadas à chave e não mais ficariam expostas num móvel como até à data, pois que assim não tinham sobre elas nenhum controlo e a criança facilmente a elas acedia, consumindo-as se o entendesse.
Nas férias de Verão lá foram, pai, compadres e Maria da Luz, de férias para Benidorm. Na viagem de regresso foram albaroados - mais adequado seria dizer: cilindrados - por um camião, tendo, milagrosamente, sobrevivido Maria da Luz e o pai, José Gomes.

Este ficou numa prostração de espantar. Pois que o não sabiam tão amante esposo. Afinal, a prostração devia-se, por um lado, à perda da esposa e dos amigos (compadres) e, por outro, em grau mais elevado, ao medo da situação. Sem avós, maternos ou paternos, teria que ser ele a desempenhar o papel de pai, de mãe e, inclusive os papéis que os dois padrinhos sempre tinham assumido na vida da criança.

Chorava, mas chorava mais por ele próprio, pelos seus medos, receios e inseguranças, do que pelos falecidos.
Se até ali fora um provedor daquela família, ficando as restantes responsabilidades a cargo da mulher, agora tinha que ser tudo o que fora e muito mais, acrescendo o retardamento da filha, o qual, com o passar dos anos, se acentuava, sendo agora flagrante, tornando-a numa rapariga estranha e até difícil de se gostar pelos hábitos que adquiria e resistência, expressa de forma deselegante raiando a má educação, a qualquer tutela.
N.B - as 3 partes anteriores encontram-se já aqui publicadas

6 comentários:

Daniel Aladiah disse...

Querida TMara
Sinto a impotência que os técnicos sentem quando os problemas se acumulam e sem solução à vista...
Um beijo
Daniel

Anónimo disse...

Bolas!....

Maria Heli disse...

Tmara obrigada pela visita!
Voltarei mais vezes. bjo

Anónimo disse...

Querida amiga a vida ás vezes prepara cada uma... Sem mais palavras... deixo um beijinho p/ ti*

Anónimo disse...

Fui ler as 3 partes anteriores, pois não conhecia. É doloroso ter revelações tão pouco esperadas, mas há que saber gerir o futuro da criança em causa. Muitas vezes tornam-se autores de grandes feitos, basta terem o encaminhamento correcto. Não podemos deixar que se sintam 'diferentes'... Beijo enorme (adorei o haicai!).

BlueShell disse...

Minha jóia...está a começar de trovejar aqui...
Tenho de me apressar e enviar apenas um beijo Cheio De TERNURA!
BShell