05 maio 2005
Crianças do meu país
Como diz o Eduardo, Marias e Maneis da Luz, há muitos.
Onde pára Joana, a menina Joana, de quem tanto se falou e cada vez mais confusas ficaram as investigações?
Como viveu esta criança? Que vida foi a dela? E a morte? A morte, dado que não acredito que se encontre viva!
E a pequenina Vanessa cujo corpo o pai e a avó, deitaram ontem ao rio Douro, tentando imputar culpas a estranho, ou estranha, por rapto na feira de Gaia, numa tentativa de assim esconderem o seu crime?
Estes crimes, hediondos como todos, mas mais ainda, se assim o podemos dizer, por recaírem em crianças que confiavam e dependiam, para sua própria protecção, dos agressores, nada mais são do que um extremo do cúmulo de sofrimento que as suas pequenas e curtas vidas foram.
Um horror continuado ameaça tomar conta de mim. Ontem ao ir para as termas, parámos, eu e umas amigas, no Mosteiro de Landim.
Uma grande praça/avenida leva-nos até ele. Terreno aberto, sem obstáculos, óptima visibilidade.
Uma mulher subia, com uma criança de talvez cinco anos (deduzo pelo tamanho) pela mão. Vi-as ao longe. Parámos o carro e, por breves minutos, desviámos a atenção, virando-a para o edifício da Junta de Freguesia em que pretendíamos pedir uma informação. Uma de nós foi lá. Aguardámos e vimos a mulher questionando alto na nossa direcção. Olhámos procurando a quem se dirigiria. Não havia mais ninguém em todo aquele terreiro despovoado.
Deitei a cabeça fora da janela e perguntei-lhe se falava connosco.
«A minha filha ficou com vocês?»
Estranha formulação esta, dado que só as havíamos visto ao longe! Caminhando. Mãos dadas.
Nunca a criança estivera perto de nós, quanto mais connosco!
Um arrepio alojou-se em mim, habitou-me.
A mulher estava parada. Mais ou menos no ponto onde as vira de mão dada pela última vez. O descampado continuava aberto, amplo, com boa e total visibilidade.
Joanas, Marias, Carlas, Flávias, Marinas, Luisas.....Manueis, Vanessas...
Quem cuida das crianças do meu país?
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
21 comentários:
eu so consigo dizer como o microbio...enfim... :(
Vivemos uma época complicada, onde uma transição de mentalidades parece em curso. Estes casos, conhecidos ao pormenor nos dias de hoje, por via duma informação onde tudo chega a todo o lado com rapidez, deixam-nos apreensivos e incrédulos. Não é fácil compreender gestos como estes, vindos de familiares tão próximos, como pais e avós.
Sem comentário. Apenas a tristeza. E um beijo especial para ti.
Sem palavras e ás vezes quase que sem perdão!!
Um grande beijinho Mara*
Querida TMara
Pois... por que razão há sempre suspeitas de que não foi feito o suficiente por parte dos técnicos que conhecem estas situações?
Um beijo
Daniel
É uma triste realidade infelizmente, e que não acontece só em Portugal, aqui tb há histórias macabras como essas, com a diferença que a justiça aqui actua, embora não haja justiça que pague a vida de uma criança pura e inocente.
Muito bem observado...
E é uma das coisas que me assusta...me angustia... (apesar de eu não ter filhos...)
Jinho e bom fds, BShell
Tão triste, tão angustiante! Como é possível casos destes acontecerem? E o que fazem as estruturas competentes? :(
Beijos, amiga
Sinto um arrepio percorrer-me!
Eu não consigo imaginar sequer, a minha Vida sem os meus filhos. amo-os para lá de mim, de todo o meu ser. Morreria por eles, cada minutos em que não sei deles, são os mais angustiantes da minha vida.
Quando desapareceram aquelas meninas holandesas, eu e o meu marido, vivemos momentos de verdadeiro terror, quando em Fátima uma mulher o tentou levar, a coberto da multidão.
Não sei o que senti. A minha fúria era tão grande, e que Deus me perdoe, era capaz de a matar ali mesmo!
Os anos passaram, mas mesmo assim, esses momentos nunca foram esquecidos.
Ele sabe-o e foi super avisado para não se aproximar de estranho. Hoje, com 15 anos, continuo a avisá-lo.
Quando leio tudo o que se passa, fico completamente fora de mim. Tanta mulher sem filhos e a desejá-los... isto é possível? Onde está a Justiça, a Humanidade, o Amor?
Não há nada que se possa fazer? Ninguém ilumina esta gente?
Onde estás tu, meu Deus, que deixas esta brutalidade acontecer?
Que raio de pessoas existe no nosso Planeta?
o micróbio - sabes a definição de enfim? Ah não! Podes pensar k te estou a chamar nomes..Ná, fica para a próxima e sem kk intenção (como agora tmb n/ tinha. É só algo k li qd muito miúda epor lhe achar tanta graça e engenho nunca + esqueci)Bom fs. Bjs e ;)
manoel carlos - sabemos a dimensão e gravidade da situação das crianças no Brasil. Uma coisa é saber, pelos mídia, outra é vivê-la. Mas tens razão, há k combater pela raíz, preparando , formando, famílias, jovens e crianças. Por aqui a dimensão é outra, são outros e inferiores os caso, em nº, pq o nº total de população tmb é muito inferior, mas as situaçoes muito gaves mutiplicam-se, só k muito escondidas e só vêm á tona, ganham visibilidade qnd irreversíveis ou quase.E pouco ou nada se faz. Insucesso e abandono escolar tem um nº assustador.
Lanita - qq dia digo-te a definição de enfim. mas há situações com as quais perdemos a fala e a racionalidade fica embotada, congelada, tal as ua crueza. Bom fs. Bjs e ,)
amaral- é cero k vivemos tempos de grandes mudanças. Mas se calhar não as k deviam ocorrer, por necessárias. Estas situações ganham grande visibilidade por acção dos mídia,mas parece k se estão a multiplicar num país sem guerra ( k leva aos extremos)e sem sabermos muito bem como agir para as prevenir no futuro e proteger efectivamete as nossas crianças. Passará, por certo, por uma cidadania + interventora de todos e por novas políticas sociais (emprego; formação;cidadania; escolaridade efectiva - etc, por aí fora -) Bom fs. Bjs e ;)
karamelisses - tão perto e tão longe de nós afinal. Smp tarde para salvar do sofrimento contínuo(na maior parte das vezes) k termina desta forma dramática e k a todos nos envergonha.Bom fs. Bjs e ;)
mitsou - a tristeza cai sobre nós e por vezes aniquila-nos o agir. Ficamos em estado de estupor. Oxalá encontremos, colectivamente, um caminho de recuperação/regeneração do tecido social. Bom fs. Bjs e ;)
charlotte - digo-te o memso k disse à mitsou.Bom fs. Bjs e ;)
daniel aladiah - os técnicos pagam normalmente uma factura muito grande nestas situações.É facto k em tood o lado há bons e maus profissionais. O facto +e k os tribunais é k têm a decisão final e muitas vezes contra parecer dos técncos (como no caso da criança que há poucos meses foi morta pelo pai). Digo-te, enquanto o sistema continuar com poucos técnicos com um nº excessivo de processos e sem condições de acompanhamento efectivo e continuado só se forem bruxos ou tiverem varinha de condão. Repara, no caso da Vanessa, k nem os vizinhos de porta pegada deram alguma vez pelos maus tratos. Os técnicos chegam lá e informam-se...De quê???? Bom fs. Bjs
micas - nada pode pagar a vida e todo o anterior sofrimeeto k foi a vida destas crianças e k são em muito maior nº do k pensamos.Há k repensar a sociedade k queremos e construímos. K a justiça pelo menso funcione a jusante se o n/ fizer antesBj.
Bshell - por ora esamos assim. selvagens k se dizem civilizados. Animais/feras-bestas k julgamos humanos. Bom fs. Bjs e ;)
lique - as estruturas têm smp os técnicos para aguentar o embate. É preciso desmistificar, deixá-los sem campo de manobra-fuga para serem obrigados a alterar o funcionamento nas questões sociais.O capital domina o social. O social tem custos imediatos e só rende a longo prazo. Não interesa aos políticos.Bom fs amiga. Bjs e:)
menina-marota - as minhas filhas são todas adultas, mas o sobresalto corre-me smp. E há aminha doce e louca neta, e os filhos e filhas, netos e netas, de tanta gente. Creio k a forma humana não define a humanidade.Há feras-bestas com a mesma forma de todos nós. De "anjo e demónio" todos temos um pouco...os "demónios" vão ganhando terreno s almas. A desumanização da vida, a falta de sérias medidas sociais vão criando estas situações - é claro k não desculpabilizo os actos individuais - mas tal como asociedade está potencializa estas desgraças. Bom fs. Bjs e ;)
Enviar um comentário