Na cabeça da mulher a vida corre como um sorvedoiro, turbilhão descontrolado, enchente voraz que tudo arrasa, rio de águas enlouquecidas que esqueceram as margens alagando tudo ao seu alcance, submergindo e destruindo todos os obstáculos que encontram no caminho.
Só que, na cabeça da mulher, os pensamentos são os obstáculos. São derrubados, desestruturados e ficam, estilhaços de arestas cortantes e ferozes, envolvidos na voraz correnteza, vórtices de destruição, ecoando no cérebro em ritmo alucinante e sem nexo.
A mulher sofre imersa num caos mental. A vida cavalo louco em desfilada, atirada a cavaleira ao chão derruba-a e espezinha-a na complexidade a que não consegue por freio, travão, ordem.
A casa que a mulher habita há muito que transbordou. Encheu-a de inúteis coisas, descontroladamente, sem disso se aperceber.
Esmaga-a. Tornou-se opressiva como tudo ao seu redor e, pior, dentro de si.
Isola-se a cada dia, não porque queira, mas porque já nada controla. Nada de seu, nem os pensamentos que tomam forma como que impostos e que a fazem sofrer.
Continua ali. Esmagada sem que ninguém repare, já nem grita por socorro. Não lhe restam energias.
Aos poucos e poucos deixa que o caos progrida. De onde em onde flashes de lucidez dizem-lhe que será melhor assim, que a perda total de consciência das coisas lhe trará paz, uma paz perto da morte, do nada, da indiferença por ausência de luz interior e começa a rebelar-se, mas os pensamentos desencontrados não a deixam seguir esse fio condutor. Submergem-na. Afoga-se eles. Perde-se nos fragmentos cortantes dos fugazes pensamentos que a habitam e lhe soterram o pensar, a força, a vontade, o querer.
A casa nada mais é do que a expressão do interior da sua cabeça. Atulhada, inerte e inútil.
20 comentários:
Olá,
Bom dia...Obrigada pela visita, poema forte o seu...
Bjs e ótima semana! *.*
gostei muito do que li
xi
maria
Eu nao acredito!!!!!!!!!
Entrei finalmente nos teus comentarios! Sim, porque tenho passad por aqui amiude (contrarimentea ti, disgraciatta, que nao me tens ligado nenhuma).
De qualquer forma, e porque as sauddes abundam...
da Venezia,baci mille
a casa, "fala". da "dona" de casa. mto bem escrito. e verdadeiro. beijo
Uma realidade retratada com bastante perspicácia. Parabéns. Beijo :)
titas, titinha :) estás mui enganada. tenho lido os teus posts só k os coments NÃO abrem. em compensação envio-te emails k pelos vistos não lês...k pena...beijo grande :)
TITAS :) rectificação - não é não les MAS não recebes. bj grande
Há alturas em que nos sentimos baralhados e pressionados, sem sabermos paar onde nos voltarmos.
Mas há que levantar a cabeça e sorrir... vá, faz isso que te faz bem.
⊆⊇ ‡‡‡ ⊂⊃ Hoje só me ocorre dizer: ⊂⊃ ‡‡‡ ⊆⊇
¦•¦ E VIVA O BENFICA ¦•¦
• Beijocas e inté •
Não é essa a mulher que eu penso estar a despontar por esse mundo fora. O tempo da mulher-escrava, da mulher-inferior, está a caminhar para o fim.
A mulher está a renascer na igualdade e na sua realização como mulher e profissional.
A mulher opressiva que tu apresentas, esmagada e espezinhada, é a mulher de ontem. Hoje, a mulher, tal como o homem, procuram lutar em igualdade de circunstâncias, em muitas áreas da nossa sociedade.
E ainda bem!...
Um texto belíssimo que traduz, certamente, muitas realidades. Mas, pegando na tua analogia, de vez em quando devemos fazer umas limpezas e deitar fora os trastes. O espaço que fica deixa-nos abrir os braços à vontade. Bjinhos, linda :)
Querida TMara
E, pacientemente, ela a vai arrumando, semana após semana, num contínuo agir metódico com o único propósito de a manter habitável...
Um beijo
Daniel
de vassoura
vassourinha
varro a sala e a cozinha
varro o mundo a toda a volta
lanço o lixo num caixote
e liberto a cabecinha
deixo os cabelos à solta
da vida esperando um mote
que há-de vir contra a má sorte
grato pela visita...
e o email é: jorcas@netcabo.pt
Felizmente, esta imagem da mulher já n se pode generalizar!... Demorou o seu tempo, mas a Mulher de hoje já consegue n ser escrava da sua casa e fazer dela um local para sentir conforto e n o sabor de trabalhos forçados...
beijinho
Forte e, real... Beijinho
Tão real e tão angustiante, TMara...Gostei imenso! Um grande beijinho :-)
Antes de mais, um beijinho.
Sou mulher e não me sinto minimamente assim, da forma como descreves.
Entretanto, já encontrei homens e mulheres que se sentem assim. De modo que, concluo, características como as que descreves, fazem parte do ser humano, em certas fases. Não tem a ver com o género, feminino ou masculino. Calha a todos.
Quando encontro este tipo de textos escritos em blogues e por aí fora, mesmo que justificados por "anos no terreno", não me consigo impedir de levantar uma sobrancelha paragrafo após parágrafo. Se me permite a frontalidade, soa-me sempre a biografia, camuflada de perspicácia profissional. E a impressão reforça-se ao atentar na leitura agora já mais diagonal "posta após posta" ao longo do blogue. As verdades de cada um são muito complicadas.
E tenho de dizer mais. Coitada da mulher que no dito "terreno" tiver de ser avaliada por pessoas que fazem pré-juizos destes, assentes em preconceitos e conceitos obsoletos, desfazados no tempo e no espaço.
Tem o direito à sua opinião, blahblahblah....mas sem conhecer os outros, sem referenciar onde os preconceitos e afins, o comentário fica-se, de facto e só, pelo blahblahblah, preconceituosoaq.b. A k tmb tem o direito!
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