18 novembro 2004

A madrugada apanhou-me desprevenida. De olhos abertos, fixando a abóbada celeste. Stargazing
A luz dos candeeiros da rua ofuscava o brilho das estrelas, mas ainda assim conseguia ver muitas e vi-as rodar à medida que a noite avançou.
Posteriormente vi-as, como que diluirem-se no azul com o avançar da madrugada.
O curioso é que não tinha nada específico para fazer. Não estou a ler nenhum daqueles livros que se lêem de fôlego, sem parar.
Nenhuma outra tarefa me impunha uma "directa".
Nada de nada (conscientemente) me obrigava a manter a vigília.
Estava acordada porque sim!
Os pensamentos não me eram mais pesados do que habitualmente (talvez a tragédia - densa palavra - seja o dia a dia ser um fardo tão grande).
Era tudo e era nada: os problemas, as tristezas, as ausências..., mas também um certo bem-estar por estar viva num planeta tão belo.
O que mais doi é este amor perdido, sem razão, sem razões.
Há muito perdido e ainda tão presente.
O outro, sentido como uma parte de mim que se foi. Tanta água já correu por debaixo destas pontes....Tanta mais correrá e nós sem de nós sabermos.
Porque foi que nos perdemos um do outro no caminhar?
Como se um fosse pela bifurcação da direita e o outro, pela da esquerda.
Parecia caminharmos a par... Ilusão!
Súbita e dolorosa a percepção de que nos afastáramos irremediavelmente,que a comunicação era toda deturpada, que os interesses e a percepção do mundo nos antagonizavam, para além do imaginável.
Perdemo-nos.
Fomos encontrando bocados de nós e com eles reconstruindo novos seres, que continuam vivos e criaram novas vidas.
Não é saudosismo. Nem sei o que isso é. Nunca passei nesse quintal!
É um pouco como a consciência de algo perfeito que se teve, viveu e se perdeu!
Creation Of Adam






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