15 outubro 2005

Crónicas Datadas VII

CRÓNICAS DATADAS -VII

NO CINTILAR DOS DIAS -2001-06-11

Tenho pena de não saber cantar ao desafio.
Improvisando no momento, no fluir do pensamento e no desafio de quem comigo cantasse.
O mote seria: solidariedade.

O que quer que seja.
O que quer que signifique.
Há anos dizia-se, a propósito de outra matéria: “ não lhe gastem o nome”.
A solidariedade, enquanto sentimento expresso em movimento que nos leva à entreajuda, continua viva mas corre riscos de defuntar se as classes política e empresarial continuarem a delapidá-la num esbanjamento vazio de sentido na praça pública.
Ao longo da minha vida tenho observado um fenómeno que considero interessante.
O dito fenómeno apresenta duas vertentes e sob elas pode incidir a nossa observação.
A 1ª consiste na existência de um problema ou défice (por norma gigantesco, fora de controle e considerado como incontrolável) nas respostas sociais por parte do estado e
este passar a responsabilidade da recuperação dessas rupturas para os cidadãos, então designados como sociedade civil.
O facto de se passar a falar em sociedade civil dá-nos um peso que o mero estatuto de cidadãos não permite e arrasta consigo uma ideia de colectivo, informado e organizado em torno de objectivos comuns, que muitas vezes não é real, pois que surge à posteriori, para tentar dar expressão aos interesses do próprio estado nessa forma de solidariedade( eis que cheguei ao que foi e é central no meu pensamento desde o início ).

A 2ª vertente, também ela associada a um possível défice, tem a ver com o uso indiscriminado e exaustivo da palavra que o designa. No caso presente: a solidariedade.
Quanto menos existe de um “bem” mais se lhe refere a designação.
Na ausência da prática, a saturação pela palavra.
Poderão argumentar que nunca Portugal teve tantos movimentos de solidariedade; tantas instituições particulares com fins não lucrativos que assumem como objectivo último a prestação de serviços de uma forma solidária; nunca entre nós, os movimentos de voluntariado alcançaram uma tão grande expressão.
Poderão argumentar tudo isso e, sendo embora verdadeiro, devemos olhar para além da “peneira” e ver o todo sem qualquer filtro.
Pensar na génese desses movimentos; no movimento politicamente correcto que lhe vem tantas vezes acoplado e, por fim, em como fica bem no currículo de tantos.

Não expresso nenhuma desvalorização sobre os movimentos de solidariedade; não detenho uma atitude cínica sobre o ser humano e a sua real e efectiva capacidade de se mobilizar em função do outro.
O que me irrita é a apropriação da ideia, do princípio, por quem o não sendo se arroga como arauto da mensagem.
Olhemo-nos bem nos olhos; olhemos bem nos olhos o nosso governo ou desgoverno e, no recesso do nosso pensar e sentir (sim do sentir, já que a solidariedade nasce do e com sentimento), respondamos à seguinte questão: será o Estado, de facto, um Estado Solidário?
Que políticas configuram a solidariedade do Estado para com os cidadãos?
****
**
*
P.S - há 6 cachorrinhos lindos, Golden Retriever para dar. Vejam-nos em
Ahhhhhhh, hoje foi o meu dia de postar no ORGIA



5 comentários:

Å®t Øf £övë disse...

TMara,
A minha resposta a ambas as perguntas é obviamente um redondo NÃO.
Há tantas instituições deste genero que às vezes até dá para nós desconfiarmos. Algumas vezes até perdem o crédito.
Bom fds.
Bjs.

Ana disse...

Acompanho as tuas crónicas datadas. Apesar de escritas há mais de quatro anos, continuam actuais! Nada mudou! Alguma vez mudará? Será a solidariedade apenas mais uma palavra?

Anónimo disse...

Vim assim rapidinho, só desejar-te um bom fim de semana*

mfc disse...

A solidariedade é uma palavra cada vez mais gasta... muito se apregoa pelo poder e ele pouco faz. São as instituições particulares que muito vão fazendo,mas não chegam para as encomendas, já que a situação se deteriora a cada dia que passa!

Quem sabe... disse...

"O que me irrita é a apropriação da ideia, do princípio, por quem o não sendo se arroga como arauto da mensagem."

-Pois...........odeio isso, e fico pocessa! :((

-Penso que "esta na moda"...mas agir mesmo...perdão se pareço pessimista, mas já assisti a cada coisa, que é de bradar aos céus...prefiro enqt não tiver realmente o tempo e as pessoas devidas, fazer a "minha " pp solidariedade...sei que não é mt, não vai ser nunca reconhecida e divulgada...mas tb não é isso q pretendo, apenas fico contente com um sorriso q sei q é o agradecimento, sem palavras...pois as palavras neste caso de q valem...eu só atenuei um pouco...nada demais...mas pelo menos sei que foi parar nas mãos de quem precisava, e que foi lá ter...(ás vezes nem aos destinos chega)!

Qt a estes lindissimos cachorrinhos......ahhhh....:((((
Plha, os meus amigos sabem q eu adoro animais, e q fico com eles sim, ou sempre q nao posso arranjo-lhes lares incondicionais :)
Mas de tantos emial´s q ja recebi, e tentei entrar em contacto....me dizem sempre..."ahh, foi uma brincadeira de mau gosto de um amigo; nao ha ninhada nenhuma...," ou nem existe esse endereço ou não recebo resposta.
Acho q é mm so para fazer spam´s...flood....ou seja la q por**** é....só sei q fico danada...pq as vezes, ja esta tudo pronto para receber esses bichinhos...:(

bjs salgados :)***