06 dezembro 2011

2 novos poemas/Desafio& Convite

5.

No cais da solidão

A chaga aberta dói e sangra tanto,
ainda que no tempo passem anos!...
Do chão do nada, a custo já levanto
a safra de aflições e desenganos.

No peito, o coração, teimando, bate!...
Teimando, bate, bate, e não se cansa!
Nem dor nem desalento o sonho abate
dos cravos desta pátria em esperança!...

Dos fastos e desastres, a memória
de um povo erguendo a pátria à dimensão
da gesta humana em páginas de História!...

E neste cais de outono e solidão,
que fado nos impede agora a glória
de ousar no pátrio chão mais um padrão?






4.

porque habitamos este corpo
    que sangra
    que agride
    que esfola

porque olhamos e deixamo-nos olhar
     sem que o outro perceba
     sem que o outro compreenda
     sem que o toque se vivencie

porque lutamos e deixamo-nos morrer
     sem que o país viva
     sem que o país seja nosso
     sem que haja presente que nos possa

engrandecer.

2 comentários:

jorge vicente disse...

muito obrigado, amiga!

poema belíssimo do josé-augusto!

abraços meus
Jorge

Conceição Paulino disse...

grata sou aos amigos J-A C e Jorge Vicente pela participação de qualidade como lhes é timbre.
Beijos meninos