14 dezembro 2011

convite e desafio/ 2 Poemas

Cárcere
®Lílian Maial

 

Urge a palavra perpétua 
condenada à boca 
solitária
engolida 
qual bolo de espi
nhos

A língua lambe 
sorve enjaulado grito
feito crime perfeito 
violação dos sonhos

Os olhos cospem intenções 
e não confessam

As mãos sacodem as grades
- grilhões de encardida esperança -
trancada às  sete chaves 

Num canto esquecido 
o lacre, no peito, inflama
e escorre 
corrosiva dor clandestina
a clamar justiça e alimento
que a fome não cala com o tempo

Ergue-se do cativeiro da inércia
a mão que ara a terra da mudança

Revolve o coágulo árido e seco
Pulveriza o suor
Aspergindo a força do homem
O futuro

Há que libertar o verbo
convolar os silêncios
e sentenciar  a dor

A flor do cárcere desabrocha no poema.

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Terra de ilusão


O meu país é um sonho sonhado
Por soldados e marinheiros, lenda
Antiga de um paraíso encontrado.
Feira franca, leilão d’almas em venda.

Meu país, mundo nunca conquistado
Ao reino da fantasia é senda
De um caminhar só mal esboçado
Onde, após o erro, não há emenda.

O meu país é contínuo sonhar
Povoado por almas a penar
Penas passadas, terra de ilusão….

Meu país, contínuo derruir
De esperanças que perdemos a rir
Enquanto se nos parte o coração.

Conceição Paulino
(poema da década de 76 - cada vez mais atual)

1 comentário:

jorge vicente disse...

Que maravilha os Poemas, minhas amigas!!!

Abraços muitos!!!
Jorge