RE-VOLVER
No peito-húmus,
um músculo ávido de palavras.
Revolver a terra,
adubo em gotas,
versos irrigados.
O verbo cala,
o solo seca,
racha-se a criança -
migalha de pão dormido.
Fome e chão,
pisa descalça
em brasas da indiferença.
Pele e sangue ressequidos,
aridez de lágrima,
espinho e barro
a maquiar a pele,
manchas de verde e amarelo.
Chora a pátria,
pétrea de matas pálidas,
alopecia de cores,
extensas clareiras.
Terra vermelha
coberta do pó,
rugas no mapa,
pistas de pouso -
Clan-destinos.
Onde o branco,
a pureza,
a promessa?
Traída a terra,
ouro de tolo,
sorriso de icterícia,
parcos dentes
de mastigar solidão.
Céu de anil,
nuvens sanitárias,
homem esquálido
a plantar pesticida.
Traída a terra,
clamor rouco e abafado,
fumaça dos charutos cubanos,
pendurados nas bocas patronais,
sem lei e sem letra.
Traída,
a terra lamenta por seus filhos,
amamentados de esmola,
de enteados cuspindo confeitos,
mordendo,
com presas de ouro,
o amanhã e a decência.
Traída a terra.
Punhal enterrado no seio,
mãe órfã de rebento raquítico.
Abre-se a fenda,
engole o que resta:
homem e praga,
riso e lágrima,
orgulho e carbono.
Num futuro fóssil,
tropical tupiniquim,
semear e colher...
Milagre!
No peito-húmus,
um músculo ávido de palavras.
Revolver a terra,
adubo em gotas,
versos irrigados.
O verbo cala,
o solo seca,
racha-se a criança -
migalha de pão dormido.
Fome e chão,
pisa descalça
em brasas da indiferença.
Pele e sangue ressequidos,
aridez de lágrima,
espinho e barro
a maquiar a pele,
manchas de verde e amarelo.
Chora a pátria,
pétrea de matas pálidas,
alopecia de cores,
extensas clareiras.
Terra vermelha
coberta do pó,
rugas no mapa,
pistas de pouso -
Clan-destinos.
Onde o branco,
a pureza,
a promessa?
Traída a terra,
ouro de tolo,
sorriso de icterícia,
parcos dentes
de mastigar solidão.
Céu de anil,
nuvens sanitárias,
homem esquálido
a plantar pesticida.
Traída a terra,
clamor rouco e abafado,
fumaça dos charutos cubanos,
pendurados nas bocas patronais,
sem lei e sem letra.
Traída,
a terra lamenta por seus filhos,
amamentados de esmola,
de enteados cuspindo confeitos,
mordendo,
com presas de ouro,
o amanhã e a decência.
Traída a terra.
Punhal enterrado no seio,
mãe órfã de rebento raquítico.
Abre-se a fenda,
engole o que resta:
homem e praga,
riso e lágrima,
orgulho e carbono.
Num futuro fóssil,
tropical tupiniquim,
semear e colher...
Milagre!
Lílian Maial
1 comentário:
Que belo poema, querida Lilian!!!
Muitos abraços meus!
Jorge
Enviar um comentário