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PERCURSOS INIMAGINÁRIOS
I – Passeando numa Marginal com “Edifício Transparente”
O nosso proverbial atraso patente nos indicadores que definem o grau de progresso de um país, tem merecido honras de primeira página na Comunicação Social. Todos os dias, são apresentadas as mais brilhantes receitas e análises. E o tempo, vai passando…passando… Ouvi, há tempos, um comentário sintético que me ficou gravado:– “os portugueses já não sabem sonhar”. O “sonho comanda a vida” disse o poeta, mas estamos a perder esse sentido interior, tão importante para a alma como o respirar é para o corpo
“Percursos Imaginários” é uma tentativa de redescobrir a importância do Sonho como motor de transformação da realidade que nos cerca. Sendo a Imaginação as pernas do Sonho, será com ela que iremos agora caminhar…
Tinha prometido à Cati, minha neta de 9 anos, que a levaria a passear pela marginal entre o Porto de Leixões e a Foz do Douro. Iria com a esposa, a neta e um filho no moderno comboio que passa por S. Mamede de Infesta e liga Ermesinde a Matosinhos. Um dos objectivos era lancharmos na esplanada do piso superior do “Edifício Transparente”. Antes disso haveria um percurso pedagógico dedicado à minha neta.
Finalmente esse dia chegou. A moderna composição (que tomamos junto à bonita estação de comboios de S. Mamede de Infesta) vinha com muitos passageiros mas conseguimos, lugar para todos. A pequerrucha quis ir à janela comigo. Quando a composição arrancou começou a fazer perguntas acerca do lindo parque público que se desenrolava à frente dos seus olhos do lado Sul da linha. O parque ficou para trás mas tive de lhe prometer que, em breve, iríamos passear para aquele belo sitio. Mesmo de relance ela notou o verde, as pastagens, o horto municipal, o cultivo do linho, e muito mais. O Comboio lá seguiu através da luxuriante paisagem da Linha de Cintura Interna. A minha neta exultou por ver o Rio Leça com muitos pescadores desportivos nas suas margens enquanto miúdos se banhavam ou se entretinham a ver as correrias dos patos. Não saímos no interface do Metro que liga com a Póvoa ou Matosinhos, mas resolvemos seguir directamente até Leixões. Aí sim, com o mesmo bilhete, tomamos o Metro que nos deixou a pouca distância do nosso objectivo. Queria experimentar o Itinerário marginal “Ambiente e Mar” uma iniciativa conjunta das Câmaras Municipais de Matosinhos e do Porto e que está a ser um grande sucesso turístico, recreativo e até cultural. Este “itinerário” abrange cinco centros de interesse existentes ao longo da marginal entre o Porto de Leixões e o Homem do Leme na Foz.
Começamos pelo primeiro: - o “Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental” (junto do paredão Sul do Porto de Leixões). Dirigimo-nos à recepção onde compramos um bilhete familiar para 4 pessoas que deu direito a visitar todos os 5 pólos do Itinerário e a utilizarmos o transporte em autocarro ecológico, movido a hidrogénio, (em circulação contínua entre Leixões e a Foz). Neste primeiro local demoramos cerca de 40 minutos. A Cati não se cansou de fazer perguntas sobre o Ambiente e temas correlativos. O mesmo aconteceu quando visitamos, nas proximidades, o “Centro de Apoio a Actividades Náuticas” enquadrado numa grande simbiose com as actividades do Mar e dotado de meios e documentação à altura dos objectivos propostos. Depois, resolvemos experimentar o “Limpinho” o tal autocarro ecológico. Esperamos só cerca de 6 minutos. Ele chegou bem garrido - trazia pintado de cada lado um grande cartaz anunciando as próximas corridas de carros ecológicos a realizar em Junho do próximo ano. No clássico “Circuito do Porto” iam arrancar as provas mundiais da “Fórmula Zero” (iniciativa conjunta das duas Câmaras associadas ao projecto “Ambiente e Mar”). Um acontecimento histórico a nível mundial já que ficará a marcar a mudança definitiva para a utilização de combustíveis não poluentes. O “Limpinho” deixou-nos, mansamente, à porta do Aquário da Foz onde estivemos cerca de uma hora. A minha neta não queria sair dali tal o seu entusiasmo ao ver tanta natureza junta. A custo lá nos dirigimos, desta vez a pé, até ao Castelo do Queijo onde vimos uma exposição sobre temas marítimos. Depois, apreciamos as exposições de artesanato e artes plásticas que estão patentes no antigo edifício do “Colégio Luso Internacional do Porto”. Aí, reparei numa extensão da Biblioteca Pública do Porto onde se pode requisitar livros para ler na praia ou nas explanadas do “Edifício Transparente”. Olhei para o Sol. Em breve iria acontecer o “esplendor” do seu ocaso. Subimos à esplanada superior do “Edifício Transparente”. Sentamo-nos numa mesa e enquanto lanchávamos apreciamos, na companhia de muita gente, quase em transe, um espectáculo, único e inesquecível. Quando resolvemos regressar, já escurecia, e notei que afluência de gente ao local estava a aumentar. A “Movida” do “Edifício Transparente” explodindo em luz, cor e som era um facto. Os seus numerosos serviços de apoio estavam em pleno funcionamento. O Parque de estacionamento subterrâneo, defronte do castelo, estava já esgotado…
Sentado no comboio que nos trazia de regresso senti uma agradável sensação repousada e indefinível… Quem sabe? Talvez o inconsciente tenha dado conta que o dinheiro dos contribuintes estava a ser bem aplicado… »
PERCURSOS INIMAGINÁRIOS
I – Passeando numa Marginal com “Edifício Transparente”
O nosso proverbial atraso patente nos indicadores que definem o grau de progresso de um país, tem merecido honras de primeira página na Comunicação Social. Todos os dias, são apresentadas as mais brilhantes receitas e análises. E o tempo, vai passando…passando… Ouvi, há tempos, um comentário sintético que me ficou gravado:– “os portugueses já não sabem sonhar”. O “sonho comanda a vida” disse o poeta, mas estamos a perder esse sentido interior, tão importante para a alma como o respirar é para o corpo
“Percursos Imaginários” é uma tentativa de redescobrir a importância do Sonho como motor de transformação da realidade que nos cerca. Sendo a Imaginação as pernas do Sonho, será com ela que iremos agora caminhar…
Tinha prometido à Cati, minha neta de 9 anos, que a levaria a passear pela marginal entre o Porto de Leixões e a Foz do Douro. Iria com a esposa, a neta e um filho no moderno comboio que passa por S. Mamede de Infesta e liga Ermesinde a Matosinhos. Um dos objectivos era lancharmos na esplanada do piso superior do “Edifício Transparente”. Antes disso haveria um percurso pedagógico dedicado à minha neta.
Finalmente esse dia chegou. A moderna composição (que tomamos junto à bonita estação de comboios de S. Mamede de Infesta) vinha com muitos passageiros mas conseguimos, lugar para todos. A pequerrucha quis ir à janela comigo. Quando a composição arrancou começou a fazer perguntas acerca do lindo parque público que se desenrolava à frente dos seus olhos do lado Sul da linha. O parque ficou para trás mas tive de lhe prometer que, em breve, iríamos passear para aquele belo sitio. Mesmo de relance ela notou o verde, as pastagens, o horto municipal, o cultivo do linho, e muito mais. O Comboio lá seguiu através da luxuriante paisagem da Linha de Cintura Interna. A minha neta exultou por ver o Rio Leça com muitos pescadores desportivos nas suas margens enquanto miúdos se banhavam ou se entretinham a ver as correrias dos patos. Não saímos no interface do Metro que liga com a Póvoa ou Matosinhos, mas resolvemos seguir directamente até Leixões. Aí sim, com o mesmo bilhete, tomamos o Metro que nos deixou a pouca distância do nosso objectivo. Queria experimentar o Itinerário marginal “Ambiente e Mar” uma iniciativa conjunta das Câmaras Municipais de Matosinhos e do Porto e que está a ser um grande sucesso turístico, recreativo e até cultural. Este “itinerário” abrange cinco centros de interesse existentes ao longo da marginal entre o Porto de Leixões e o Homem do Leme na Foz.
Começamos pelo primeiro: - o “Centro de Monitorização e Interpretação Ambiental” (junto do paredão Sul do Porto de Leixões). Dirigimo-nos à recepção onde compramos um bilhete familiar para 4 pessoas que deu direito a visitar todos os 5 pólos do Itinerário e a utilizarmos o transporte em autocarro ecológico, movido a hidrogénio, (em circulação contínua entre Leixões e a Foz). Neste primeiro local demoramos cerca de 40 minutos. A Cati não se cansou de fazer perguntas sobre o Ambiente e temas correlativos. O mesmo aconteceu quando visitamos, nas proximidades, o “Centro de Apoio a Actividades Náuticas” enquadrado numa grande simbiose com as actividades do Mar e dotado de meios e documentação à altura dos objectivos propostos. Depois, resolvemos experimentar o “Limpinho” o tal autocarro ecológico. Esperamos só cerca de 6 minutos. Ele chegou bem garrido - trazia pintado de cada lado um grande cartaz anunciando as próximas corridas de carros ecológicos a realizar em Junho do próximo ano. No clássico “Circuito do Porto” iam arrancar as provas mundiais da “Fórmula Zero” (iniciativa conjunta das duas Câmaras associadas ao projecto “Ambiente e Mar”). Um acontecimento histórico a nível mundial já que ficará a marcar a mudança definitiva para a utilização de combustíveis não poluentes. O “Limpinho” deixou-nos, mansamente, à porta do Aquário da Foz onde estivemos cerca de uma hora. A minha neta não queria sair dali tal o seu entusiasmo ao ver tanta natureza junta. A custo lá nos dirigimos, desta vez a pé, até ao Castelo do Queijo onde vimos uma exposição sobre temas marítimos. Depois, apreciamos as exposições de artesanato e artes plásticas que estão patentes no antigo edifício do “Colégio Luso Internacional do Porto”. Aí, reparei numa extensão da Biblioteca Pública do Porto onde se pode requisitar livros para ler na praia ou nas explanadas do “Edifício Transparente”. Olhei para o Sol. Em breve iria acontecer o “esplendor” do seu ocaso. Subimos à esplanada superior do “Edifício Transparente”. Sentamo-nos numa mesa e enquanto lanchávamos apreciamos, na companhia de muita gente, quase em transe, um espectáculo, único e inesquecível. Quando resolvemos regressar, já escurecia, e notei que afluência de gente ao local estava a aumentar. A “Movida” do “Edifício Transparente” explodindo em luz, cor e som era um facto. Os seus numerosos serviços de apoio estavam em pleno funcionamento. O Parque de estacionamento subterrâneo, defronte do castelo, estava já esgotado…
Sentado no comboio que nos trazia de regresso senti uma agradável sensação repousada e indefinível… Quem sabe? Talvez o inconsciente tenha dado conta que o dinheiro dos contribuintes estava a ser bem aplicado… »
P.S- hoje trouxe-vos um texto ficcional, de um Portugal ainda utopia, do amigo António Durval.
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3 comentários:
Querida TMara
Enquanto lia, pensava, como pude não saber que existiam estes locais e estes percursos e o Edifício Transparente já em funcionamento, etc., na "minha" cidade? Bolas, afinal é um mundo imaginário (belas ideias), fiquei um pouco desconsolado, mas agradecido por te ler, pois ainda veremos algo assim (com outros políticos, há alternativas???).
Um beijo
Daniel
TMara,
por breves momentos vi-me conduzida para uma irrealidade tão real...
O soco no estômago veio depois...com o acordar para a triste realidade...Muito pouco se faz por esta cidade!!!
Obrigada por dares a conhecer um texto tão bom como este.
Bjokas ":o)
daniel :) esive lendo as histórias da madrugada, amores e desamores, mas não consigo comentar. Não abre. Como dá para ver ando com problemas por aqui. Bjoca
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