28 fevereiro 2005


Na passada semana fez 150 que Cesário Verde nasceu!
Tive um dia cheio e anoite terminou em beleza, ao descobrir, por acidental e viciante zaping, nas memórias da RTP, um concerto do Zeca. Passou o sono, todo o cansaço se evaporou.
O Zeca na minha sala, O Vitorino, o Janita, o Luís Cília, o Fanhais....
Cantámos até que a minha voz doeu, mas doeu de puro contentamento por tão boa e rica companhia.
O Cesário conosco, reconhecendo este mundo de agora e, estou certa que,um destes dias, lá no Olimpo, onde mora agora fará novo "SENTIMENTO DE UM OCIDENTAL" do século XXI.

Se nunca o leram na íntegra (por agora só o poema) deixo-vos hoje metade. Não se assustem com a extensão. Leiam que vai valer a pena.


SENTIMENTO DE UM OCIDENTAL

(Cesário Verde)


I

AVE-MARIAS

Nas nossas ruas, ao anoitecer,
Há tal soturnidade, há tal melancolia,
Que as sombras, o bulício, o Tejo, a maresia
Despertam-me um desejo absurdo de sofrer.


O céu parece baixo e de neblina,
O gás extravasado enjoa-me, perturba-me;
E os edifícios, com as chaminés, e a turba
Toldam-se duma cor monótona e londrina.


Batem os carros de aluguer, ao fundo,
Levando à via-férrea os que se vão. Felizes!
Ocorrem-me em revista, exposições, países:
Madrid, Paris, Berlim, Sampetersburgo, o mundo!


Semelham-se a gaiolas, com viveiros,
As edificações somente emadeiradas:
Como morcegos, ao cair das badaladas,
Saltam de viga em viga, os mestres carpinteiros.


Voltam os calafates, aos magotes,
De jaquetão ao ombro, enfarruscados, secos,
Embrenho-me a cismar, por boqueirões, por becos,
Ou erro pelos cais a que se atracam botes.


E evoco, então, as crónicas navais:
Mouros, baixéis, heróis, tudo ressuscitado
Luta Camões no Sul, salvando um livro a nado!
Singram soberbas naus que eu não verei jamais!


E o fim da tarde inspira-me; e incomoda!
De um couraçado inglês vogam os escaleres;
E em terra num tinido de louças e talheres
Flamejam, ao jantar, alguns hotéis da moda.


Num trem de praça arengam dois dentistas;
Um trôpego arlequim braceja numas andas;
Os querubins do lar flutuam nas varandas;
Às portas, em cabelo, enfadam-se os lojistas!


Vazam-se os arsenais e as oficinas;
Reluz, viscoso, o rio, apressam-se as obreiras;
E num cardume negro, hercúleas, galhofeiras,
Correndo com firmeza, assomam as varinas.


Vêm sacudindo as ancas opulentas!
Seus troncos varonis recordam-me pilastras;
E algumas, à cabeça, embalam nas canastras
Os filhos que depois naufragam nas tormentas.


Descalças! Nas descargas de carvão,
Desde manhã à noite, a bordo das fragatas;
E apinham-se num bairro aonde miam gatas,
E o peixe podre gera os focos de infecção!

II


NOITE FECHADA

Toca-se às grades, nas cadeias. Som
Que mortifica e deixa umas loucuras mansas!
O Aljube, em que hoje estão velhinhas e crianças,
Bem raramente encerra uma mulher de "dom"!


E eu desconfio, até, de um aneurisma
Tão mórbido me sinto, ao acender das luzes;
À vista das prisões, da velha Sé, das Cruzes,
Chora-me o coração que se enche e que se abisma.


A espaços, iluminam-se os andares,
E as tascas, os cafés, as tendas, os estancos
Alastram em lençol os seus reflexos brancos;
E a Lua lembra o circo e os jogos malabares.


Duas igrejas, num saudoso largo,
Lançam a nódoa negra e fúnebre do clero:
Nelas esfumo um ermo inquisidor severo,
Assim que pela História eu me aventuro e alargo.


Na parte que abateu no terremoto,
Muram-me as construções rectas, iguais, crescidas;
Afrontam-me, no resto, as íngremes subidas,
E os sinos dum tanger monástico e devoto.


Mas, num recinto público e vulgar,
Com bancos de namoro e exíguas pimenteiras,
Brônzeo, monumental, de proporções guerreiras,
Um épico doutrora ascende, num pilar!


E eu sonho o Cólera, imagino a Febre,
Nesta acumulação de corpos enfezados;
Sombrios e espectrais recolhem os soldados;
Inflama-se um palácio em face de um casebre.


Partem patrulhas de cavalaria
Dos arcos dos quartéis que foram já conventos;
Idade Média! A pé, outras, a passos lentos,
Derramam-se por toda a capital, que esfria.


Triste cidade! Eu temo que me avives
Uma paixão defunta! Aos lampiões distantes,
Enlutam-me, alvejando, as tuas elegantes,
Curvadas a sorrir às montras dos ourives.


E mais: as costureiras, as floristas
Descem dos magasins, causam-me sobressaltos;
Custa-lhes a elevar os seus pescoços altos
E muitas delas são comparsas ou coristas.


E eu, de luneta de uma lente só,
Eu acho sempre assunto a quadros revoltados:
Entro na brasserie; às mesas de emigrados,

Ao riso e à crua luz joga-se o dominó.

(Fim da 2ª parte de 4)

27 fevereiro 2005


A rapariga passou, absorta.
Um ligeiro sorriso a bailar-lhe
nos lábios, os olhos abrindo
caminho, virados para dentro,
a essência do seu pensamento.

Inquieto o ar, à sua passagem

abria-se em círculos,

e correntes perfumadas envolviam

os demais viajantes.

No âmago do seu sentir, a rapariga

caminhava isolada. O sorriso

que lhe bailava no rosto iluminava o corpo,

o andar, e a todos contagiava.

Enquanto isso, no mar,

o pássaro picou sobre as águas

e apanhou o peixe que nadava.

(Por TMara, In: FALAR MULHER:25)


26 fevereiro 2005

Nós, as nossas esfarrapadas desculpas e a amizade!


«Tempo ? conhece? (texto de Constança Lucas)
O tempo é feito de momentos, os momentos uns acontecem sós, outros somos nós que os criamos, cada detalhe é nosso.Quando dizemos que não temos tempo na realidade não temos interesse. Não ter tempo é uma desculpa gentil e educada para esconder a falta de vontade.Ou será que não sabemos agendar os nossos tempos, mas ter tempo é querer. Ou será que não ter tempo é uma forma de esquecermos depressa o que demora? Ou será que ter tempo é gostar um pouco mais de algo ou alguém?Ou será que o tempo é tão pequenino que não cabe no bolso? O tempo faz-se esperar e depois mergulha em nós. O tempo é uma ventania dentro do sorriso desejado. Ou será que os desejos e o tempo sempre se abraçam?»
Encontrei este texto no blog citado abaixo. Fala de algo que muitas vezes tenho pensado, mas poucas expressado e, quando o faço limito-me a aflorar uma tímidad resposta (para não magoar quem me diz não ter tempo), dizendo qualquer coisa como: "o tempo somos nós que o fazemos, que o gerimos, definindo as nossas prioridades".
Todos pecamos, em qualquer momento das nossas vidas, por este tipo de resposta, de distanciamento do outro. Penso, afirmo convicta de que pouco uso lhe farei, mas não estou isenta.
Creio que vale a pena reflectirmos sobre esta matéria, sobre nós, a resposta que damos ao outro quando nos refugiamos na...falta de tempo!

Por Constança Lucas no Blog: "Imagem e Palavra" -«http://constancalucas.blog.uol.co.br/»

24 fevereiro 2005


Cristais de calcite
Pedi este texto "emprestado" à minha filha caçula, Lexis,
do blog dela («http://nolimbo.blogspot.com/»)
Desencontros
Da primeira vez que a vi trazia uma blusa cingida ao corpo e uns jeans azuis, simples. Nos pés, uns ténis; o cabelo solto, à volta dos ombros.Movia-se de forma insegura, como quando vamos num caminho de terra solta, com medo de escorregar em alguma pedra.Olhava as pessoas por quem passava até ao momento em que davam por ela. Baixava então a vista para o chão ou para o relógio.Sentou-se na mesa ao meu lado. Por companhia um livro de que nunca cheguei a saber o titulo.Enquanto esperou o croissant e o sumo, fumou um cigarro e leu o que faltava ao livro (o serviço não era lento; o livro estava quase no fim).A minha conta chegou. Descobri estar já atrasado para o emprego. Numa troca rápida de dinheiro com o empregado levantei-me da esplanada.*Dirigiu-se ao balcão naquele seu andar extremamente feminino e entregou-me o talão com o nome do livro que queria requisitar.Cabelo apanhado num puxinho (como usam as bailarinas), vestido em tons pasteis que adivinhava as linhas do seu corpo.Tinha um passo incerto, como se tivesse sempre medo, mas isso apenas lhe conferia uma fragilidade sensual, aumentando o seu carisma.Chamava-se Mariana, trabalhava num escritório de uma firma de construção civil.Vinha com frequência à biblioteca.Entreguei-lhe o livro e afastou-se após um rápido “bom dia”.*Acabou o livro no momento em que apareceu o criado com o croissant e o sumo.A seu lado alguém se levantou e afastou em direcção ao parque de estacionamento.O livro terminara de uma forma brusca. Incompleto, aprofundara a sensação de vazio que ela esperara que fosse atenuada pela leitura.Comeu rapidamente o croissant; transparecia o desconforto de se encontrar sozinha.Nessa manhã dera parte de doente no escritório.Levantou-se e dirigiu-se para a paragem do autocarro. Iria ao cinema.No final da sessão sentiu uma pungente necessidade de companhia. A noite já se estendia em todas as direcções. O Carlos tinha ido para fora e só voltava para a semana.Lágrimas escorriam-lhe pela cara.Deixou-se andar sem destino. Sem reparar no caminho foi ter à ponte.Olhou as águas, as luzes das ruas reflectidas, o som dos carros que passavam como pano de fundo.Descalçou-se, despiu os jeans e a blusa. As lágrimas escorriam-lhe de novo pela cara sem que o notasse. Um sofrimento tão intenso e interno, tão sem razão de ser, de existir.Nua, sentou-se sobre o corrimão.O escuro, o abismo, a obliteração - o retorno.O fim absoluto e supremo. Sentia-se atraída, arrebatada.- Carlos. Eu preciso de ti.A ponte estava deserta. Pôs-se de pé sobre o corrimão, encostada a um dos pilares.Queria sentir-se sugada pela não existência.Deixou-se ir.*Vim passear o cão, o Jaime.Todas as noites o mesmo caminho: saio de casa, viro à direita, seguimos até ao jardim - ele espalha o seu aroma em 15 ou 20 cantos diferentes - continuamos em direcção à ponte, e à saída da ponte viro à direita para entrar pela parte se cima da rua onde moro.Tínhamos agora saído do jardim e o Jaime vinha com o focinho colado ao chão, quando pareceu ter encontrado qualquer coisa de mais curioso. Parou com o dito focinho enterrado num amontoado de roupas caídas no meio do passeio.Olhei. Um par de jeans, uma blusa, uns ténis pretos. O soutien voava na estrada.Não sei que impulso me fez olhar para o rio, mas fi-lo mesmo a tempo de ver um vulto ser engolido pelas águas.Corri para a cabine telefónica no fim da ponte e chamei uma ambulância.Foi a segunda vez que a vi.
(posted by Lexis
11/17/2004 08:04:45 AM )

23 fevereiro 2005


Paragem de alma
Já estive onde estou? Não sei bem porque não sei bem onde, ou como estou.
Minh’alma está esparvoada, vive espantada, sem rumo. Foi de repente. Um dia acordei estava neste local, desta forma.
Sem ideias, me parecendo mais sem vontade. Parada a alma antes sempre inquieta.
Os dias deslizam por mim e já não são dias, mas semanas. Como saber que paragem é esta que em mim ocorre?
É como estar parada numa paragem de autocarros e não apanhar nenhum dos que ali aportam porque o que faz falta, o que me levaria ao meu desconhecido local, nem eu sei onde para, de onde sai... Em verdade, nem para onde vai!
Lembro, difusamente, já ter estado neste local, desta forma.
Não é um estar agradável! Sempre em mim esta imanente sensação de ter perdido qualquer coisa de importante! Um vazio que procura, não procurando, que se limita a aquietar o corpo físico e a ficar quedo esperando não se sabe o quê. Pelo menos eu, que sou parte importante da questão não sei o que esperar. Não sei o que espero nem porque espero. Assim, da noite para o dia, um ataque traiçoeiro deixou-me neste limbo, perdida, quase esquecida de mim.Se virem uma alma à deriva digam-lhe que estou aqui.
É a minha e faz-me falta.

22 fevereiro 2005

Carta do Chefe Índio

Em 1854, "O Grande Chefe Branco" em Washington fez uma oferta por uma grande área de território indígena e prometeu uma "reserva" para os índios.
A resposta do Chefe Seattle, aqui reproduzida na íntegra, tem sido considerada uma das declarações mais belas e profundas já feitas sobre o meio-ambiente:


“Como você pode comprar ou vender o céu, o calor da terra? A ideia é estranha para nós.Se nós não somos donos da frescura do ar e do brilho da água, como você pode comprá-los?Cada parte da Terra é sagrada para o meu povo.
Cada pinha brilhante, cada praia de areia, cada névoanas florestas escuras, cada insecto transparente, zumbindo é sagrado na memória e na experiência de meu povo.
A energia que flui pelas árvores traz consigo a memóriae a experiência do meu povo. A energia que flui pelas árvores traz consigo as memóriasdo homem vermelho.
Os mortos do homem branco se esquecem da sua pátria quandovão caminhar entre as estrelas. Nossos mortos nunca se esquecem desta bela Terra, pois ela é a mãe do homem vermelho. Somos parte da Terra e ela é parte de nós. As flores perfumadas são nossas irmãs, os cervos, o cavalo, a grande águia, estes são nossos irmãos. Os picos rochosos, as seivas nas campinas, o calor do corpo do pônei, e o homem, todos pertencem à mesma família.
Assim, quando o Grande Chefe em Washington manda dizer que
quer comprar nossa terra, ele pede muito de nós. O Grande Chefe manda dizer que reservará para nós um lugaronde poderemos viver confortavelmente. Ele será nosso pai e nós seremos seus filhos. Então vamos considerar sua oferta de comprar a terra. Mas não vai ser fácil. Pois esta terra é sagrada para nós.
A água brilhante que se move nos riachos e rios não ésimplesmente água, mas o sangue de nossos ancestrais. Se vendermos a terra para vocês, vocês devem se lembrar de queela é o sangue sagrado de nossos ancestrais. Se nós vendermos a terra para vocês, vocês devem se lembrar de queela é sagrada, e vocês devem ensinar a seus filhos que ela é sagradae que cada reflexo do além na água clara dos lagos fala de coisasda vida de meu povo. O murmúrio da água é a voz do pai de meu pai.
Os rios nossos irmãos saciam nossa sede. Os rios levam nossas canoas e alimentam nossas crianças. Se vendermos nossa terra para vocês, vocês devem lembrar-se deensinar a seus filhos que os rios são irmãos nossos, e de vocês, e consequentemente vocês devem ter para com os rios o mesmocarinho que têm para com seus irmãos. Nós sabemos que o homem branco não entende nossas maneiras. Para ele um pedaço de terra é igual ao outro, pois ele é um estranhoque chega à noite e tira da terra tudo o que precisa. A Terra não é seu irmão, mas seu inimigo e quando ele o vence, segue em frente. Ele deixa para trás os túmulos de seus pais, e não se importa. Ele sequestra a Terra de seus filhos, e não se importa.
O túmulo de seu pai, e o direito de primogenitura de seus filhossão esquecidos. Ele ameaça sua mãe, a Terra, e seu irmão, do mesmo modo, comocoisas que comprou, roubou, vendeu como carneiros ou contas brilhantes. Seu apetite devorará a Terra e deixará atrás de si apenas um deserto. Não sei. Nossas maneiras são diferentes das suas. A visão de suas cidades aflige os olhos do homem vermelho. Mas talvez seja porque o homem vermelho é selvagem e não entende.
Não existe lugar tranquilo nas cidades do homem branco. Não há onde se possa escutar o abrir das folhas na primavera, ouo ruído das asas de um insecto. Mas talvez seja porque eu sou um selvagem e não entendo. A confusão parece servir apenas para insultar os ouvidos. E o que é a vida se um homem não pode ouvir o choro solitáriode um curiango ou as conversas dos sapos, à noite, em volta de uma lagoa. Sou um homem vermelho e não entendo.
O índio prefere o som macio do vento lançando-se sobre a face do lago, eo cheiro do próprio vento, purificado por uma chuva de meio-dia, ouperfumado pelos pinheiros.
O ar é precioso para o homem vermelho, pois todas as coisascompartilham o mesmo hálito – a fera, a árvore, o homem, todos compartilham o mesmo hálito. O homem branco parece não perceber o ar que respira. Como um moribundo há dias esperando a morte, ele é insensível ao mau cheiro.
Mas se vendermos nossa terra, vocês devem se lembrar de que o aré precioso para nós, que o ar compartilha seus espíritoscom toda a vida que ele sustenta.
Mas se vendermos nossa terra, vocês devem mantê-la separada e sagrada, como um lugar onde mesmo o homem branco pode ir para sentir o ventoque é adoçado pelas flores da campina.
Assim, vamos considerar sua oferta de comprar nossa terra. Se resolvermos aceitar, eu imporei uma condição – o homem brancodeve tratar os animais desta terra como se fossem seus irmãos.
Sou um selvagem e não entendo de outra forma. Vi mil búfalos apodrecendo na pradaria, abandonados pelohomem branco que os matou da janela de um trem que passava.
Sou um selvagem e não entendo como o cavalo de ferro que fumapode se tornar mais importante que o búfalo, que nós só matamospara ficarmos vivos.
O que é o homem sem os animais? Se todos os animais acabassem, o homem morreriade uma grande solidão do espírito. Pois tudo o que acontece aos animais, logo acontece ao homem. Todas as coisas estão ligadas.
Vocês devem ensinar a seus filhos que o chão sob seus pésé as cinzas de nossos avós. Para que eles respeitem a terra, digam a seus filhos que a Terraé rica com as vidas de nossos parentes. Ensinem aos seus filhos o que ensinamos aos nossos, que a Terra é nossa mãe. Tudo o que acontece à Terra acontece aos filhos da Terra. Se os homens cospem no chão, eles cospem em si mesmos.
Isto nós sabemos – a Terra não pertence ao homem –o homem pertence à Terra. Isto nós sabemos. Todas as coisas estão ligadas como o sangue que une uma família. Todas as coisas estão ligadas.
Tudo o que acontece à Terra – acontece aos filhos da Terra. O homem não teceu a teia da vida – ele é meramente um fio dela. O que quer que ele faça à teia, ele faz a si mesmo.
Mesmo o homem branco, cujo Deus anda e fala com ele como deamigo para amigo, não pode ficar isento do destino comum.
Podemos ser irmãos, afinal de contas. Veremos. De uma coisa nós sabemos, que o homem branco pode um diadescobrir – nosso Deus é o mesmo Deus. Vocês podem pensar agora que vocês O possuem como desejampossuir nossa terra, mas vocês não podem fazê-lo. Ele é Deus do homem, e Sua compaixão é igual tanto para como homem vermelho quanto para com o branco. A Terra é preciosa para Ele, e danificar a Terra é acumular desprezopor seu criador. Os brancos também passarão, talvez antes de todas as outras tribos.
Mas em seu desaparecimento vocês brilharão com intensidade, queimados pela força do Deus que os trouxe a esta terra e para algumpropósito especial lhes deu domínio sobre esta terrae sobre o homem vermelho. Esse destino é um mistério para nós, pois não entendemos quando osbúfalos são mortos, os cavalos selvagens são domados, os recantossecretos da floresta carregados pelo cheiro de muitos homens, e a vistadas montanhas maduras manchadas por fios que falam. Onde está o bosque? Acabou. Onde está a águia? Acabou. O fim dos vivos e o começo da sobrevivência

21 fevereiro 2005

Procura-se


Esta - o poema- é a expressão do meu contentamento pelos resultados eleitorais.
Procura-se*
Homem de um só parecer,
um só rosto e uma só fé,
ele tudo pode ser,
homem da corte não é.
D. Francisco Manuel de Melo
N.B - * título por mim atribuído

20 fevereiro 2005

Album de família


Porque hoje é domingo dia 20 de Fevereiro de 2005, dia de eleições legislativas, é proibido fazer campanha, mas é um bom dia para a reflexão.
Peguem nos vossos albuns de família, ou discos em vinil, ou memórias de liberdade, igualdade e fraternidade, sentem-se debaixo de uma boa árvore, chamem as vossas crias (quem as tiver), amigos, ou meros passeantes, convidem-nos a rever convosco os sonhos tidos e a fazer um balanço.
Porque vai ser um bom dia para balanços.
Alguns vão "balançar" tanto que até vão entrar em órbita.....!
Esperemos que o país se aguente no....balanço!
Então, até depois ;-)

19 fevereiro 2005

A estranheza dos dias


Escrevo no cinzento dos dias azuis
......ou nos dias cinzentos, já que o SOL brilha, senhor absoluto dos céus intocados pelas nuvens grávidas de chuva.
Então porquê esta alusão ao cinzento perguntar-se-á quem ler?
São os cinzentos dias dos políticos, seus fatos, suas falas, seus discursos, suas propostas, mas, em minha opinião, também dos opinion makers de serviço, dos comentadores, que fazem análises tão absolutas e destrutivas que me parece só potenciarem o absentismo.
A sensação que tenho, ao ouvir estes últimos, é a de que procuram, denodadamente, encontrar novas teorias. Algo que os possa deixar na história dos comentadores. Novas hipóteses, ou novas teses, diferentes das expressas no dia ou na noite anterior. Como não é possível avançar com hipóteses diferentes e credíveis com vinte e quatro horas de diferença, ou menos, é o vale tudo.
Neste vale tudo incluo as pequenas ocorrências das campanhas, as falas menores dos políticos (desabafos), murmuradas entre eles, para o lado.

Depois do debate na RTP 1, um comentador a cujas intervenções reconheço, normalmente, mérito, sintetizava
* o seu pensamento: “um fala demais! De um dia para o outro diz coisas diferentes”; o outro: “fala de menos. Diz sempre a mesma coisa. Percebo que numa campanha é importante repetir ideias para que o eleitorado as retenha...!”
Ora bolas, digo eu!
Se dos discursos dos políticos me recuso a falar, dos jornalistas e comentadores esperava-se mais (pelo menos eu esperava!). Temos que esperar mais uns dos outros. Temos que ser exigentes e creio que a forma como a campanha tem sido vista, divulgada e comentada, na generalidade por todos estes opinion makers, em nada a elevou do nível estagnado e baixo que atingiu na pré-campanha e não tem servido os
interesses do eleitorado, da democracia e da participação a ela inerente.
Destes esperava-se que fossem capazes de fazer subir a fasquia impondo-a aos políticos.

Com esta breve nota começo e encerro as minhas reflexões (abertas) sobre a campanha para as legislativas 2005, pois que mais não merece.
Lá nos encontraremos no domingo! Pelo menos expressando o pensamento de forma cuidada, clara e...racional. Já que o momento não é para emoções.


* Mas a síntese era ela: TODO o pensamento que expusera.

18 fevereiro 2005

Imagens do restolho


When Flowers Return, by Alma-Taddema


Imagens do restolho.



Há um campo, por lavrar,
à minha espera.

Em teu corpo ceifarei
nossa seara.

Com as mãos e com
o húmus dos corpos
amassaremos o pão
que nos alimenta.



(Por TMara, in: O LUAR DA ESPERA)

16 fevereiro 2005

A mulher continua a habitar


O calendário indica que o ano
se está a esgotar.


A mulher continua a habitar

a casa. A circular por ela.

A limpá-la, a abrir as janelas

para que o ar e o sol

a penetrem.

Senta-se, por vezes, ao sol,

nas varandas da casa.

Pega nos livros e lê.

Às vezes perde-se nos pensamentos.

Esquecidos os livros

nas mãos distraídas.

Descobriu, hoje, que o ano está

a chegar ao fim.

Uma certa estranheza invadiu-a.

Não se lembra do passar dos meses...,

não lembra quando foi à rua

pela última vez....Há já muito

tempo que não sai dos limites

da casa.

Lembrou-se ainda que o telefone

nunca toca. Nunca ninguém

telefona,

a saber dela, para falar com ela....

Em verdade também não

se tem lembrado de ligar

a ninguém....

Persiste-lhe a estranheza. Se

o ano se está a esgotar, se

se levanta, come, bebe, dorme

e habita dentro da casa, como é

possível fazê-lo durante tanto tempo

sem nunca sair à rua?

Sem que os amigos estranhem a sua

ausência e telefonem?

Não sabe explicar a estranha

situação.

Serena levanta-se da cadeira

que ocupa à secretária e vai sentar-se

na varanda, ao sol.

Sente frio.

Só se sente bem ao sol.

Habita a casa onde viveu, a mulher.

Desconhece que morreu.

Por TMara, do livro: FALAR MULHER:48-49

15 fevereiro 2005

Que bruxa sou!? E tu?

Water Witch
You are a water witch. Beautiful and intuitive, you
draw your power from the water. You can be
tranquil and terrible at one and the same time
and might be described as "moody."
You appreciate literature and may be a
poet/writer. Graceful and powerful as the water
itself, the rest of us envy your ability to
love and be loved by others.

What kind of 'witch' are you?
brought to you by

13 fevereiro 2005

Sobre a fé


Respiração
Ontem li, no blog da Blue Shell, reflexões a propósito da "FÉ".
Esta tem sido uma questão sempre actual na minha vida. Tentar perceber do que se fala, quando sei que a fé não tem a ver com o racional, e o entendimento...
Reflectindo, a partir do post, cheguei a uma conclusão que partilho hoje convosco:
«Talvez afinal a fé não seja não seja mais do que uma respiração síncrona com a VIDA, ela mesma.»

12 fevereiro 2005

Eu nunca guardei rebanhos


by Iris Hustrioides Major
I - Eu Nunca Guardei Rebanhos

Eu nunca guardei rebanhos,
Mas é como se os guardasse.
Minha alma é como um pastor,
Conhece o vento e o sol
E anda pela mão das Estações
A seguir e a olhar.
Toda a paz da Natureza sem gente
Vem sentar-se a meu lado.
Mas eu fico triste como um pôr de sol
Para a nossa imaginação,
Quando esfria no fundo da planície
E se sente a noite entrada
Como uma borboleta pela janela.


Mas a minha tristeza é sossego
Porque é natural e justa
E é o que deve estar na alma
Quando já pensa que existe
E as mãos colhem flores
sem ela dar por isso.
Como um ruído de chocalhos
Para além da curva da estrada,
Os meus pensamentos são contentes.
Só tenho pena de saber
que eles são contentes,
Porque, se o não soubesse,
Em vez de serem contentes e tristes,
Seriam alegres e contentes.

Pensar incomoda como andar à chuva
Quando o vento cresce e parece que chove mais.

Não tenho ambições nem desejos
Ser poeta não é uma ambição minha
É a minha maneira de estar sozinho.

E se desejo às vezes
Por imaginar, ser cordeirinho
(Ou ser o rebanho todo
Para andar espalhado por toda a encosta
A ser muita cousa feliz ao mesmo tempo),

É só porque sinto o que escrevo ao pôr do sol,
Ou quando uma nuvem passa
a mão por cima da luz
E corre um silêncio pela erva fora.

Quando me sento a escrever versos
Ou, passeando pelos caminhos
ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel
que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho
e vendo as minhas idéias,
Ou olhando para as minhas idéias
e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente
como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.

Saúdo todos os que me lerem,
Tirando-lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo-os e desejo-lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predileta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural
— Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque,
cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.
(Alberto Caeiro)

11 fevereiro 2005

QUASE


HelixNebula

QUASE


Um pouco mais de sol e eu era brasa
Um pouco mais e azul e eu era além
Para alcançar faltou-me um golpe de asa,
Se ao menos eu permanecesse aquém....

Assombro ou paz? Em vão, tudo esvaído
Num baixo mar enganador de espuma
E o grande sonho a desfazer-se em bruma,
O grande sonho, ó dor, quase vivido.

Quase vivido, sim. Quase o excesso e a chama,
O delírio final, quase a expansão,
Mas na minha alma tudo se derrama,
Entanto nada foi só ilusão.

De tudo houve um princípio e tudo errou.
Oh a dor de ser quase, dor sem fim.
Eu falhei entre os mais, falhei em mim,
Esse que se enlaçou, mas não voou.

Num ímpeto difuso de quebranto,
Tudo enlacei e nada possuí,
Hoje, de mim, só resta o desencanto
Das coisas que beijei, mas não vivi.

Um pouco mas de sol e eu fora brasa,
Um pouco mais de azul e eu fora além
Para alcançar faltou-me um golpe de asa,
Se ao menos eu permanecesse aquém.....

Mário de Sá-Carneiro


N.B - a vós outras/os que sabeis colocar música nos blogs. Uma alma generosa que coloque este poema cantado (já não lembro por quem, mas sei que vai valer a pena). Desde já o meu muito obrigada.

09 fevereiro 2005

CARNAVAL


MULHER


O Carnaval 2005 visto na 4ª feira de Cinzas

No rescaldo do Carnaval
Reflicto sobre a frase:
“(...)ninguém leva a mal...”!
Mascarei-me e fui foliar.

Foi assim: peguei no “mim”
e de “eu” o travesti.
Resultado, perguntam vocês?
Vos digo: não resultou!

Então, o processo inverti.
Peguei no “eu” e de “mim”
o mascarei! Olhei e tudo igual vi...
Foi uma surpresa total.


Para as ruas assim saí,
umas vezes de: eu!
Outras vezes de.... mim!
Afinal, sempre igual.

O que, nos tempos que correm,
É uma surpresa total!
E como ninguém acredita
Pensaram ser... outra igual!



06 fevereiro 2005

Diluo-me no infinito azul


("Jarro" - Cutileiro. Jardim em Beja)

Diluo-me no infinito azul

Liquefeita

regresso à matriz

que me concebeu

Na alma das folhas o

verde começa a amarelecer

prenunciando a nova estação

No céu, uma enorme

talhada de melancia

branca, deita-se

a fazer de lua.

05 fevereiro 2005

Passo a passo




Passo a passo,
lentamente,
iniciar a caminhada.

Abrir os portões
buscar a estrada.

Linha
tracejada a tinta
da china.

(Que linha tão fina)


Passo a passo
pôr o pé
em cada ponto
em cada traço.

Cuidadosamente
sem vertigens
vencer o espaço.


Do livro: AS TAREFAS TRANSPARENTES:61

03 fevereiro 2005

Estavam queimados os olhos




Estavam queimados os olhos.
Ardiam, como se o fogo junto a eles estivesse. Secando-os.

Destruindo as mucosas e queimando-os de forma irritante e dolorosa.
Estavam ardidos das lágrimas que corriam por dentro dela, não mostrando rasto à superfície, nem qualquer marca visível. Só ela as sentia e, mesmo que as não quisesse sentir, o ardor, queimadura bruta nos olhos, não permitia esquecimento.


Raras vezes chorava, por fora. Quando tal acontecia inchavam-lhe os olhos e, em dois minutos, não mais, ficavam num maceramento confrangedor e constrangedor, tanto mais que inchavam de imediato, ficando soltos, enormes globos doridos salientes, queimados como se por líquido corrosivo.

As lágrimas, de tão concentradas, eram excessivamente salgadas. O sal queimava-lhe a frágil pele ficando então bem visíveis os sinais da queimadura.

Não era como agora. Agora só queimavam por dentro, acentuando-lhe umas escuras olheiras, que vinham não se sabe de onde, o encovado da pálpebra e o emaciamento do olhar. Ficavam-lhe quebrados na cara. Como algo que ali não pertencesse e se admirassem por ali e assim se verem.

Subterrâneos rios de dores antigas corriam-lhe por todo o corpo. Flutuavam no sangue, estremeciam a cada batida do coração, vibravam com os movimentos, brilhando na pele como estranhas gotas nacaradas.

Sentia as águas a crescer dentro de si, a subirem pelo peito ameaçando submergi-la. Afogá-la a partir de dentro.



Dentro dela as águas agitavam-se, aprendera agora a triste palavra TSUNAMI, que, em abstracto, enquanto palavra saboreada, enrolada no modo de dizer, lhe fazia lembrar gelados, mas que infelizmente arrastava consigo imagens de fúria da natureza com a consequente devastação e morte.
E ficou a saber nomear as ondas que lhe estremeciam o ser ameaçando destrui-la. Trazia no corpo, no peito, um tsunami que a iria engolir com toda a fúria de tal fenómeno da natureza. O centro do tsunami, ou do terramoto do qual este emanava, abrigava-se-lhe no peito, bem no centro do peito, sobre o esterno. A pressão que aí sentia, era mortalmente opressiva e destruidora de vida. Da sua vida. Mas isso já pouco lhe interessava.

Aquelas violentas águas que a percorriam, e destruíam por dentro, queimavam-lhe os olhos, parecendo os de um Cristo crucificado.
Tudo o que desejava era poder fechá-los e não mais ser fonte, nascente, nem corrente de águas represadas e em fúria como as que a matavam

Por TMara

02 fevereiro 2005

DOI ! Salvemos Amina!


DOI!


No fim de contas aprovaram a lapidação de Amina



O tribunal Supremo da Nigéria ratificou a sentença de morte por lapidação de AMINA; adiando apenas a lapidação por dois meses para lhe permitir a amamentação da criança .



Terminado este tempo, enterrá -la-ão até ao pescoço e matá-la-ão à pedrada, a não ser que uma avalanche de protestos consiga dissuadir as autoridades nigerianas.



Amnesty International pede o teu apoio através da tua assinatura nas suas páginas web.



Mediante uma campanha como esta, salvou-se no passado uma outra mulher, Safiya, que estava na mesma situação. Parece que para AMINA receberam pouquíssimas assinaturas.



Contacta imediatamente:



http://www.es.amnesty.org/nigeria/index2.php



Não penses que não serve para nada. Salvou a vida de Safiya!



Faz circular esta mensagem entre as pessoas sensíveis a esta horrível ameaça de morte. Fá -lo imediatamente. Eu já o fiz.






Era uma vez uma ilha....

«Era uma vez, uma Ilha onde viviam todos os sentimentos: a Felicidade; a Tristeza: a Sabedoria e todos os outros, incluindo o AMOR.
Um dia, foi anunciado aos Sentimentos, que a ilha ia afundar, pelo que todos prepararam os barcos e partiram. O AMOR foi o único que ficou. O AMOR queria permanecer até ao último possível momento
Quando a Ilha já estava praticamente afundada, o AMOR decidiu-se a pedir ajuda.
A Riqueza estava a passar pelo AMOR, numa grandiosa embarcação. O AMOR disse-lhe: “Riqueza, podes levar-me contigo?”
A Riqueza respondeu: “ Não, não posso. Há uma grande quantidade de prata e ouro no meu barco. Não há lugar para ti.”
O AMOR decidiu pedir à Vaidade, a qual também estava a passar num lindo iate:” Vaidade, por favor ajuda-me!”
“Não posso ajudar-te, AMOR. Estás todo molhado e podes estragar-me o iate”, respondeu a Vaidade. A Tristeza estava perto, pelo que o AMOR lhe pediu ajuda:
“Tristeza, deixa-me ir contigo.” “ Oh....AMOR, estou tão triste que preciso estar sozinha!”
A Felicidade também passou pelo AMOR, mas estava tão feliz que nem sequer ouviu o seu chamamento. Súbito ouviu-se uma voz: “ Anda AMOR, levar-te-ei” Era um velho.
O AMOR sentiu-se tão abençoado e contente que se esqueceu de perguntar o nome ao velho. Quando chegaram a terra o velho seguiu o seu caminho. O AMOR, lembrando-se do que devia ao velho perguntou à Sabedoria, outra velha: “ Quem me ajudou?”
“Foi o Tempo”- respondeu a Sabedoria.
“O Tempo?”, perguntou o AMOR. “Mas porque me ajudou o Tempo?”
A Sabedoria sorriu com profundo conhecimento e respondeu: “Porque só o Tempo é capaz de entender quão grande é o AMOR.”»


Com um carinhoso abraço da


Post scriptum:O texto circula na internet. Autor/a desconhecido/a

01 fevereiro 2005

A demanda


A demanda

Preciso de ser abraçada
com força
para poder desfazer
todas as minhas mágoas.

Chorar até
a alma se rasgar
deixando sair toda a dor
que me está a matar

...... e ter esse alguém
a apertar-me
para não deixar fugir
nenhum pedacinho
e permitir remendar-me.

Por: Lexis, in «http://nolimbo.blogspot.com»
TMara