02 dezembro 2005

Palavras do contra

Estas são palavras do contra porque a nossa cultura ocidental chama, indiscriminadamente, preguiça, coisa má e feia, ao acto de parar, deixar de fazer algo que seja economicamente considerado útil.

Quando, parar é uma necessidade do ser humano. Parar e absorver a beleza, respirar e religar-se ao mundo, à natureza.

Pessoalmente sempre "parei". Volta e meia páro. Se o não fizer afogo-me, morro sufocada.
Necessito sentir o vento, molhar-me na chuva e nela caminhar sem destino, olhar a lua e as estrelas, parar para ver o pôr-do-sol e o nascer.
Parar a ouvir o diálogo do mar, dos amantes, o riso das crianças, o sussuro das árvores..., o som da água correndo solta e ciciando encantamentos...Parar para me ouvir.
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«O trabalho nem sempre é necessário ao homem. Existem coisas como a sagrada ociosidade, cuja cultura é, agora, perigosamente negligenciada.»
George MacDonald (1824-1905)
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«Se fores capaz de passar uma tarde perfeitamente inútil de uma forma perfeitamente inútil, aprendeste a viver.»
Lin Yutang (1895- 1976)
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P.S -(Agora tenho estado meio parada, mas por razões de saude.
Porque o meu corpo se queixa e recusa agir, até escrever ou ler. Não tarda estou bem. Obrigada pela vossa companhia. Navegar por aqui, neste universo de imagens, sons e letras é uma outra forma de parar. Um tempo só nossso. De leituras e cumplicidades)

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