Ia responder-lhe por email mas achei que o poderia fazer desta forma aberta a todos, ajudando a clarificar, pelo menos, o meu pensamento sobre a matéria.
«Lamento, muito que as escolas não ensinem ás criancas coisas tão importantes como a importancia de Deus na vida Delas, não falo de religiões, falo de Deus. A retirada dos crucifixos, só prova que são como pilátos fazer o que vos quizerdes.Um dia todos vamos pagar por isto, quanda as crianças de hoje um dia homens e mulheres, vos perguntarem porque me escondeste que Deus existia. Beijos - Adryka»
CARTA ABERTA À AMIGA ADRYKA
Minha querida
temos posições diferentes nesta matéria e, provavelmente noutras, mas em muitas outras temos posições coincidentes. Já deu para perceber isto no tempo de net e de leituras mútuas que fazemos.
Em primeiro lugar discordo de ti que devam ser as escolas a falar de Deus (sob qualquer forma que se pense). Essa é, desde o nascimento, uma função da família pela prática e pelos ensinamentos de conduta, regras e valores.
Faz, necessariamnete parte do processo de socialização primária a que cada um de nós é sujeito e, considero-a matéria do foro íntimo, num primeiro patamar da família no seu todo, em segundo lugar , de cada um de nós.
Num certo momento da vida os pais podem ou não desejar que os filhos sigam a religião que professam e orientam-no para as igrejas pretendidas onde, em conjunto com a família os ensinamentos continuam e lhes falam de Deus.
Não me assumo como católica (nem qualquer outra coisa), considero as religiões, pelo menos na forma que têm assumido, como dispensáveis, pois para nos ligarmos ao divino, a Deus não necessitamos de intermediários. Basta amar os outros, o mundo, a natureza, a vida e a nós mesmos e sentiremos a forte presença do divino amor incondicional, se quiseres, de Deus.
Já li a Bíblia mais do que uma vez. Considero-a uma leitura fascinante e rica e tenho-a em casa para, sempre que queira, a ela voltar.
A personagem de Jesus é uma figura guia na minha vida pois os seus ensinamentos são sábios para a vida e nosso percurso espiritual.
Pena que tão pouco seguidos sejam por muitos dos que se assumem, ou designam, como católicos praticantes. O respeito e a tolerância baseada no amor seriam muito maiores do que são e o mundo um melhor lugar...
As minhas três filhas não foram baptizadas, deixamos-lhes a liberdade de escolher a religião que pretendiam professar.
A minha filha mais velha, entre os 12- 14 anos foi aluna do colégio Nossa Senhora do Rosário, no Porto, depois de eu ter tido uma longa conversa com a directora (Madre Superiora) explicando a posição familiar sobre a religião e a catequização.
Garantido o respeito pelos nosso princípos ela lá andou e, chegava a casa surpresa porque quando, nas aulas, lhes solicitavam redacções sobre condutas e modos de agir face a situações que lhes ilustravam, no final, depois de devidamente avaliadas e classificadas, a professora/Madre pedia-lhe sempre para ler á classe a redacção dela por ser a mais bem orientada no amor e respeito ao outro. Em suma, a que mais se proximava do ideal cristão perseguido.
Questionava-se ela porquê, se as colegas eram alunas do colégio desde a infância , onde tinham aulas de religião e moral, frequentavam a catequese e a Igreja, coisa que ela nunca fizera....
Falámos sobre o assunto e ela percebeu. Religião e moral não são a mesma coisa.
E regras morais tinha-as ela e tem, bem como as irmãs, de uma forma intensa e honesta que me fazem orgulhar imenso das pessoas que hoje são.
O exemplo é a maior e melhor escola e é na família que ela está.
Nós, a sua família não católica, nunca lhe escondemos Deus. Falamos-lhe muito de um algo divino que assume nomes diferentes, mas que essa variante é uma coisa cultural porque na essência é o mesmo e que vibra em nós num anseio de sermos melhores pessoas e alcançar níveis superiores de ligação.
Com os nossos humanos defeitos eramos (somos) pessoas honestas que viviam/vivem de acordo com o que pensam e que Jesus afinal tão bem exprimiu.
Se cada um não sentir a presença, a faúlha divina dentro de si, não são as igrejas, muito menos os crucifixos nas escolas que o vão despertar.
Uma confusão muito comum (infelizmente) é confundir religião com moral, valores, conduta e princípios.
Digo-te, não te sobressaltes pois a espiritualidade é uma sede e um fome do ser humano e cada um a perseguirá com as bases que as famílias e a comunidade informal, e só estas, lhes proporcionam desde o berço.
Beijos de luz e paz, amiga Adryca
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