05 dezembro 2005

Entre o pulsar de duas respirações

Entre o pulsar de duas respirações a do nascimento e a da morte, morreu ao contrário.

Horas antes de nascer, 36 anos depois, uma das grandes vozes da poesia romântica portuguesa, também, de alguma forma, uma poeta maldita, remetida para uma poesis não considerada de 1ª água, decidiu terminar o seu viver, este breve voo de condor, de asas cortadas, ou quebradas, que ensaiou em êxtases de alegria e dor que nos legou.

Entre o pulsar de duas respirações,

a da vida e a da morte (não serão a mesma? O que as distingue?) viveu intensa e desesperadamente projectando-se para um infinito de emoções e sentimentos, vastos demais para o nosso burguês, hipócrita e provinciano mundo português.

Na passagem dos aniversários da morte (1º) e do nascimento (depois) deixo estes Haikus, como homenagem:



Haikus para FlorBela Espanca


Florbela Espanca
*
Charneca sem fim
possível medida da
excessiva alma.
*

FlorBela
*
Nasceu sob o signo
da imensidão. Do excesso.
Absoluto amor.

*
Florbela Espanca I
*
Mulher poeta
Alma sem limites. Voo
de águia pró além.

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