10 agosto 2005

Ontem fui almoçar ao "Ar de Rio", cais de Gaia

Ontem fui almoçar ao “AR DE RIO”, cais de Gaia.
A vista da cidade do Porto é magnífica.
Deixo-vos com uma pequena parcela entrevista
:

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Súbito levantou-se um vento agreste e furioso que falava em murmúrios e gritos sibilados.
Infelizmente não percebi as palavras. Só o sentido. Puxava a chuva, enfurecido com a destruição pelo fogo (oxalá logre o intento).

Pessoalmente não queria que chovesse MAS encontro-me a desejar intensamente, que chova – torrencial e furiosamente – alagando o país de norte a sul.


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Os barcos rabelos faziam fretes pelo rio. Passeios turísticos. A ver as ponte; a olhar o porto do seio das águas; a mergulhar o corpo (do barco) na foz do Douro, afrontando, por breves minutos, a batida das atlânticas águas.
O rio...., não sei que cor tinha o rio...lembro que brilhava. Talvez sem cor, só brilho, como os rios de pratas dos presépios da minha infância, luz refractada....

Mergulhei-me no livro que comigo levara mais uma vez: “A Morte de Virgílio”, por Hermann Broch[1].

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« (...) porque quem deixou atrás de si o primeiro portal do terror
entra no adro da realidade,
uma vez que seu conhecimento, descobrindo-se a si próprio e
como que pela primeira vez
dirigido para si próprio,
começa a compreender o que é necessário no universo, o que é
[necessário em cada acontecer
como sendo o que é necessário à sua própria alma;
porque aquele a quem isso acontecer
é sustentado para a unidade do ser,
no puro agora, que é comum ao universo e ao homem,
posse inalienável de sua alma,
pela qual paira, pairando por necessidade,
pairando por cima do abismo do nada ameaçadoramente aberto,
pairando por cima da cegueira dos homens;
porque está implicada no eterno presente da interrogação
no eterno presente do saber que não sabe, da divina presciência
[do homem,
não sabendo por que pergunta e tendo de perguntar,
e sabendo por que o saber antecede qualquer pergunta,
dom divino ao homem concedido só a ele, desde o início,
como a sua mais íntima necessidade humana,
por causa da qual
ele tem de por sempre de novo em questão o conhecimento e
por ele ser sempre de novo questionado,
com receio da resposta o homem, com receio da resposta
[o conhecimento,
ligados um ao outro e com receio da resposta (...)»

(pp:109-110)




[1] 1987.Lisboa: Relógio D’Água

15 comentários:

JPD disse...

Olá!
Há imenso tempo que não vou ao Porto.
O teu post está muito agradável: o apelo da viagem pelo Douro; a necessidade premente da chuva para que tudo e toda a nosa vida, principalmente, da gente sob a inclemência dos fogos, possa serenar se atempo forem...
Bjs

LUIS MILHANO (Lumife) disse...

Fotos maravilhosas e um convite irrecusável.

Bjs.

Anónimo disse...

Tenho vindo a reapaixonar-me pelo Porto, como te disse, infinitamente...

Também a julgo na consciência de mim...

Anónimo disse...

Mesmo "...com receio da resposta" a gente prossegue inquirindo: a nós mesmos, aos outros... essas contradições cotidianas/seculares - a se perderem nas brumas do tempo -, guerras, exploração...
Mesmo "... com receio da resposta" a gente vai à luta, numa fome de saber sem limites... # Um beijo, TMara.

SL disse...

Eu sei que o Porto é fantástico, sinto-o...vou fazer-lhe uma visita em Outubro, nas férias.
Jinhos

Anónimo disse...

Parece que senti o clima, o cheiro, os sons do Porto. Beijos, carinho.

Daniel Aladiah disse...

Querida TMara
Passeios, pensamentos, desejos e leituras neste Agosto arrastado...
Um beijo
Daniel

Alexandre de Sousa disse...

Sabias que, vai para um bom par de anos (bastantes) se comia umas iscas de bacalhau e uma caneta de tinto com espuma, depois de uma matiné do Coliseu, ali mesmo, no sitio da foto, lá para baixo? Pois é. Estas memórias...

Cláudia Félix Rodrigues disse...

Como sabes, tenho andado ocupada e não tem dado para vir cá. Mas hoje vim e tu já devias saber que eu vinha por isso colocaste essa vista fantástica. Beijinho muito doce

Ana disse...

O Porto é tão bonito visto do cais de Gaia. Quem me dera ter ido contigo... levar também um livro
e ler ao som da chuva de Verão.
Um beijo com saudades dessa cidade e do rio.

Mitsou disse...

Levaste-me contigo, sabias? Vi pelos teus olhos todos esses pedacinhos da cidade, quedei-me em silêncio ouvindo-te ler esta passagem do livro, e voltei para casa de alma apaziguada, feliz por mais um passeio com uma amiga que tanto amo. Um beijo enorme!

Anónimo disse...

Conheco pouco do Porto, alias do Norte, mas parece-me bem agradável...

Beijos e bom fim de semana*

Fabi Carneiro disse...

Ei amiga

maravilhosas as fotos do Porto.
Estava com saudade de te ver.

Beijos,
bom fim de semana.

Anónimo disse...

Mara querida!
Lindas estas fotos da bela cidade nortenha; Porto! O trecho de hermann Broch; fantástico!!!
Beijinhos****
Desculpa a ausência....

Anónimo disse...

Excellent, love it! »