Ontem fui almoçar ao “AR DE RIO”, cais de Gaia.
A vista da cidade do Porto é magnífica.
Deixo-vos com uma pequena parcela entrevista:
Súbito levantou-se um vento agreste e furioso que falava em murmúrios e gritos sibilados.
Infelizmente não percebi as palavras. Só o sentido. Puxava a chuva, enfurecido com a destruição pelo fogo (oxalá logre o intento).
Pessoalmente não queria que chovesse MAS encontro-me a desejar intensamente, que chova – torrencial e furiosamente – alagando o país de norte a sul.
Os barcos rabelos faziam fretes pelo rio. Passeios turísticos. A ver as ponte; a olhar o porto do seio das águas; a mergulhar o corpo (do barco) na foz do Douro, afrontando, por breves minutos, a batida das atlânticas águas.
O rio...., não sei que cor tinha o rio...lembro que brilhava. Talvez sem cor, só brilho, como os rios de pratas dos presépios da minha infância, luz refractada....
Mergulhei-me no livro que comigo levara mais uma vez: “A Morte de Virgílio”, por Hermann Broch[1].
« (...) porque quem deixou atrás de si o primeiro portal do terror
entra no adro da realidade,
uma vez que seu conhecimento, descobrindo-se a si próprio e
como que pela primeira vez
dirigido para si próprio,
começa a compreender o que é necessário no universo, o que é
[necessário em cada acontecer
como sendo o que é necessário à sua própria alma;
porque aquele a quem isso acontecer
é sustentado para a unidade do ser,
no puro agora, que é comum ao universo e ao homem,
posse inalienável de sua alma,
pela qual paira, pairando por necessidade,
pairando por cima do abismo do nada ameaçadoramente aberto,
pairando por cima da cegueira dos homens;
porque está implicada no eterno presente da interrogação
no eterno presente do saber que não sabe, da divina presciência
[do homem,
não sabendo por que pergunta e tendo de perguntar,
e sabendo por que o saber antecede qualquer pergunta,
dom divino ao homem concedido só a ele, desde o início,
como a sua mais íntima necessidade humana,
por causa da qual
ele tem de por sempre de novo em questão o conhecimento e
por ele ser sempre de novo questionado,
com receio da resposta o homem, com receio da resposta
[o conhecimento,
ligados um ao outro e com receio da resposta (...)»
(pp:109-110)
[1] 1987.Lisboa: Relógio D’Água
15 comentários:
Olá!
Há imenso tempo que não vou ao Porto.
O teu post está muito agradável: o apelo da viagem pelo Douro; a necessidade premente da chuva para que tudo e toda a nosa vida, principalmente, da gente sob a inclemência dos fogos, possa serenar se atempo forem...
Bjs
Fotos maravilhosas e um convite irrecusável.
Bjs.
Tenho vindo a reapaixonar-me pelo Porto, como te disse, infinitamente...
Também a julgo na consciência de mim...
Mesmo "...com receio da resposta" a gente prossegue inquirindo: a nós mesmos, aos outros... essas contradições cotidianas/seculares - a se perderem nas brumas do tempo -, guerras, exploração...
Mesmo "... com receio da resposta" a gente vai à luta, numa fome de saber sem limites... # Um beijo, TMara.
Eu sei que o Porto é fantástico, sinto-o...vou fazer-lhe uma visita em Outubro, nas férias.
Jinhos
Parece que senti o clima, o cheiro, os sons do Porto. Beijos, carinho.
Querida TMara
Passeios, pensamentos, desejos e leituras neste Agosto arrastado...
Um beijo
Daniel
Sabias que, vai para um bom par de anos (bastantes) se comia umas iscas de bacalhau e uma caneta de tinto com espuma, depois de uma matiné do Coliseu, ali mesmo, no sitio da foto, lá para baixo? Pois é. Estas memórias...
Como sabes, tenho andado ocupada e não tem dado para vir cá. Mas hoje vim e tu já devias saber que eu vinha por isso colocaste essa vista fantástica. Beijinho muito doce
O Porto é tão bonito visto do cais de Gaia. Quem me dera ter ido contigo... levar também um livro
e ler ao som da chuva de Verão.
Um beijo com saudades dessa cidade e do rio.
Levaste-me contigo, sabias? Vi pelos teus olhos todos esses pedacinhos da cidade, quedei-me em silêncio ouvindo-te ler esta passagem do livro, e voltei para casa de alma apaziguada, feliz por mais um passeio com uma amiga que tanto amo. Um beijo enorme!
Conheco pouco do Porto, alias do Norte, mas parece-me bem agradável...
Beijos e bom fim de semana*
Ei amiga
maravilhosas as fotos do Porto.
Estava com saudade de te ver.
Beijos,
bom fim de semana.
Mara querida!
Lindas estas fotos da bela cidade nortenha; Porto! O trecho de hermann Broch; fantástico!!!
Beijinhos****
Desculpa a ausência....
Excellent, love it! »
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