26 maio 2006

MUNDO

Solidariamente:
Por todas as crianças hoje vítimas de qualquer tipo de mau trato, inclusive a fome por indiferença dos países "ricos" e pior, pela sua avareza cobiçando as riquezas naturais de tantos desses países.
Por todos os adultos de hoje que já foram vítimas de mau-trato... ou abusos.


Um dia

uma criança chorava

um grito

nesta rua perdida.

Nesta rua imensa

sem desvios ou travessas.

Nesta rua rasgada

ao sol nascente aberta.

Nesta rua onde o olhar

se perde e não encontra

a linha do horizonte.

Da VIDA.

*

Um dia

uma criança chorava

um grito perdido

nesta rua onde tudo

começa e nada acaba.

*

Um dia

uma criança chorava.

E eu, no meio da rua,

olhava e procurava

a criança perdida,

amálgama de multidões,

de ideias, de projectos,

de sonhos e intenções

- ideais.

*

Olhava e procurava.

E a criança chorava

um grito que se ouvia

em toda a rua da vida

e todo o mundo passava

naquela rua a direito,

em que o fim nunca se via.

E toda a gente caminhava,

Caminhava...

Só eu não podia.

Aquele grito,

aquela criança perdida

que chorava....

*

onde estava?

*

porque chorava?

*

e eu, no meio da rua

(da vida)

tão perdida como ela

procurava.

*

Procurava

e não descobria

que era o teu-meu-grito

que se ouvia.

P.S - quero deixar ressalvado que entre muitas coisas boas que tive o privilégio e a sorte de ter na vida, uma foi a de ter uns pais que nunca ergueram a mão para qualquer um dos filhos, nem os maltrataram psicologicamente.
Faço esta ressalva para que nenhuma dúvida recaia sobre eles, meus amados e extremosos pais.

14 comentários:

Teresa David disse...

Este poema é muito belo mas cheio de lágrimas, e já tenho saudades de ler coisas tuas onde exibas alegria de viver e que sinta através das tuas palavras que os teus olhos se iluminaram de novo do prazer que a vida pode ser, e não só amarguras.
Beijos
Teresa David

maresia_mar disse...

Ola Tmara,
lindissimo esse teu grito perdido, tantas vezes a gente se sente assim, perdida no meio da multidão! Bjhs e bom fds

Polly Jean disse...

Belissimo. Esta que cada dia vai aprendendo a ser mãe.
Polly

isabel mendes ferreira disse...

TU TU TU TU TU


_____________________ninguém como TU.

O Chaparro disse...

bom fim de semana, comadre

José Pires F. disse...

Para além da métrica, que resolve em parte a qualidade de um poema, fica-nos o conteúdo das palavras, a sua força e oportunidade.
Consegues tudo, com arte, gosto e sensibilidade.
Obrigada.
Um abraço.

RD disse...

Viva!

Recebeste o meu email?

Com Consideração,
Rui Diniz
rpfdiniz@gmail.com

Manel do Montado disse...

Ainda hoje não me saem da cabeça os gritos das crianças durante os bombardeamentos no cerco a Sarajevo. Os seus olhos andam comigo e ouço amiúde os seus gritos, aquele chorar incessante dos bebés, nada tirando do peito das mães que com o stress ficaram com o peito seco.
Quem me paga pelo pesadelo que vivo? Quem me indemniza em saúde? O dinheiro não paga as noites despertas e as lágrimas vertidas escondido da mulher e filhos.
Quem maltrata crianças, maltrata os indefesos e como cobarde deverá ser punido e apontado publicamente. Fico por aqui…

Francisco Sobreira disse...

Cara Amiga: Como sempre, nesse texto estão presentes a sua sensibilidade e o seu posicionamento social. E que feliz foi você em ter os pais que teve. Infelizmente, eu e meus irmãos não tivemos essa sorte. Mas é a vida, não? Um beijo afetuoso.

Rui Afonso disse...

Comovido...


Bom fim de semana!

Anónimo disse...

Às vezes a beleza de poema vem recheado de dor. É o caso: belo e dorido poema.
Um beijo, amiga.

Unknown disse...

Minha boa amiga sensibilizas-me és uma pessoa maravilhosa, adorei o teu post. Beijinhos

tb disse...

Amiga,
lindo o poema, lindas as plavras e os sentimentos. Feliz de ti e teus irmãos pelos pais que tiveram...
Beijinhos

António Melenas disse...

Tenho 77 anos sou um "geada" que não tem nada que andar a meter o nariz no blogue dos mais novos, mas fico encantado com o que encontro de gente bonita e com tanta consiência social
Parabéns