03 janeiro 2012

Painel numa rua da Alemanha - deu.me vómitos

Painel numa Rua na Alemanha!
Há um ditado português que diz: «Vozes de burro não chegam ao céu», significando que não chegam a parte alguma, muito menos aos nossos ouvidos.
Há ainda um princípio, de superioridade moral que corresponde à indiferença a que votamos certas “bocas”, certos comentários, ou boatos de determinadas pessoas porque só nos toca, só nos ofende ou…magoa quem nós deixamos. Nisto eu acredito e por este princípio me tenho norteado.
   MAS…não creio que nenhum destes princípios se possa aplicar ao conteúdo deste painel pendurado numa rua da Alemanha.
Pelo contrário, a indignação joga alto e bom som.
Individualmente, enquanto mulher portuguesa “não me aquentaria, nem arrefentaria” não se dessem as seguintes circunstâncias:­­-
1.    Portugal e todos os seus cidadãos, são, de pleno direito, cidadãos da União Europeia;
2.     Os primórdios da União situam-se no ano de 1950 e foram seis os países fundadores (Alemanha, Bélgica, França, Itália, Luxemburgo e os Países Baixos);
3.     Em 1 de Janeiro de 1973, mais 3 países (Dinamarca, Irlanda e  Reino Unido) elevando o número dos Estados-Membros para nove;
4.     Em 1986 Portugal e Espanha aderem à União Europeia;
5.     Em 1995, a União Europeia inclui mais três novos Estados-Membros (a Áustria, Finlândia e Suécia) com os acordos de “Schengen”;
6.     Em 2004 dez novos países (Estónia, Eslováquia, Eslovénia, Hungria, Letónia, Lituânia, Polónia e República Checa) aderem à União Europeia tendo, em 1 de janeiro de 2002, sido implantada a moeda única: o euro (€);
7.      O que começou como uma união puramente económica converteu-se numa organização ativa em inúmeras áreas abrangendo todos os estados membros (pelo menos em teoria), desde a ajuda ao desenvolvimento, à política do ambiente e a outras áreas vitais para uma europa unida, mais segura e globalmente mais rica, mais equitativa e justa em todos os patamares de vida, tanto económica como social, promovendo(?alegadamente?) os direitos humanos e a democracia.

­­­­­­­E o problema reside na evidente contradição de tratamento entre pares.
Todos os países da união europeia são pares entre si, unidos por intenções de solidariedade (pseudo?) - nos dados, factos e intenções da mesma, de que a Srª Merkel - agora (?) - é mandante e “pitonisa” sobre o todo, constituindo o par Merkozi enquanto este for útil à sua agenda pessoal e germânica. Ora se ela, 1ª figura de estado alemão (quantos de nós, portugueses ouviu falar ou sabe quem é o Presidente da Alemanha?) não é pessoalmente responsável pelo painel este expressa o desprezo de quem o fez e colocou, cidadãos ou grupos, e se os alemães têm a fama da eficiência, eficácia, cidadania e produtividade é bom que lhe façam jus e torna estranho que o dito painel tenha sido colocado e a polícia feito vista grossa.

É ofensivo para um estado membro, para um primeiro-ministro a quem a senhora Merkel abraça com um grande e simpático sorriso afirmando ter por ele muita simpatia. A hipocrisia não me cai nada bem!

Vivemos uma situação de crise porque os sucessivos governos (não só o português mas é o que interessa para o caso) não souberam viver com o dinheiro que tinham. Endividaram-se durante anos sucessivos, com a agravante de que tanto endividamento (do estado, repito) não produziu riqueza. Só mais endividamento e agora todos nos esmifram, até os bofes saírem pela boca, sob a batuta sorridente da chanceler alemã que tem que governar de acordo com o sentir do povo alemão e da sua Alemanha.
E desse sentir nós vamos sabendo, não só pelo cartaz como por notícias de tantos emigrantes portugueses que sentem na pele a diferença de tratamento.

Se a União Europeia não existisse, ou se dela não fossemos membros, o peso do cartaz, das palavras e dos sentimentos expressos seria bem diferente.
Pessoalmente nem me indignaria. Lamentaria o racismo e a pobreza de espírito de quem assim agisse.
C.P

3 comentários:

José-Augusto de Carvalho disse...

Poderei aceitar o que dizem se atentarmos na circunstância de que só nos ofende quem nós queremos. Todavia, na minha perspectiva, o que merecerá ponderação não será o insulto gratuito mas o como e o porquê de os alemães terem chegado à conclusão de que nós somos porcos. E aqui chegados, seremos forçados a perguntar o que deveremos fazer para a reposição da tal «verdade» do que somos.
Abraço.
J-A

jorge vicente disse...

:(

Jorge Castro (OrCa) disse...

Olá. Em boa verdade, nem é porco quem quer, nem assim o há-de fazer quem quiser...
Já o mesmo não se poderá dizer de algum porco que chame porco a um cavalo.
O cavalo permanecerá cavalo. E o porco não deixará de o ser.
A metáfora pode ser aplicada.