15 agosto 2007

Maddie versus Joana – Joana versus Maddie (quando uma vida parece valer + do que outra)


Tenho, como creio o país quase em peso, acompanhado, as notícias sobre o desaparecimento da criança de nacionalidade inglesa, Maddie (como a família a tratava).

Desde sempre uma angústia a apertar o coração, E, no peito, uma dor.
Por ela e por todas as outras crianças que desaparecem vítimas de vários tipos de violências.

Sempre também, o cérebro - que é um órgão estranho e consegue fazer-pensar-elaborar sobre “n” coisas em simultâneo sem que para tal tenhamos que nos esforçar - a comparar toda a actuação das polícias neste caso com o caso Joana, ainda tão recente.

Por respeito pela criança Maddie, e pela P.J tenho evitado escrever sobre o tema e, também, porque o que sei é pouco, ou nada, espremendo bem.

No entanto, das leituras policiais, desde criança, dos filmes e das séries policiais, sempre vi que TODAS as pistas devem ser filtradas e que desde o início se deve trabalhar numa linha de eliminação dos possíveis suspeitos mais próximos: no caso vertente, pais e amigos com acesso ao apartamento e à Maddie, para se poder focar a atenção noutras hipóteses.

Proceder por eliminatórias das possíveis hipóteses e ter sempre presente que TODAS são... hipóteses até que sejam comprovadas pelo conjunto de elementos recolhidos.

Ao que sabemos não aconteceu assim neste caso, dando-se de barato a inocência dos referidos elementos – familiares e amigos – e digo, ao que se sabe, pois admito que o que sabemos não corresponda ao que a polícia sabe, nem à forma como decide, para bem da investigação, tratá-los de uma determinada forma e não de outra.
Dando-lhes ou não visibilidade pública, mesmo que só no campo das hipóteses.


A eliminação sistemática de hipóteses permite focar a atenção noutras, com maior eficácia. Assim me parece que as investigações progridem.

Mas o que me incomoda é a forma diferenciada como o caso Maddie e Joana foram tratados.

Portanto uns continuam a ser gente, pessoas…. Outros (Joana e família)…
qualquer…coisa. ....
Quem quiser que encontre um nome apropriado. Não o faço para não ficar nauseada.

E se a polícia inglesa tem estes cães, um especialista em detectar vestígios de sangue muito tempo após, muitas lavagens depois e um outro (outros?) que detectam o odor de cadáveres; se há uma tão boa articulação entre a nossa P.J e a polícia britânica porque não foi, no caso de Joana, pedida a cedência dos ditos caninos?
Ou, porque não ofereceu a própria polícia britânica os animais?
Ou, caso tenham sido pedidos e não cedidos, porque nunca tal foi referido?

Ou será que a nossa polícia desconhecia a existência dos ditos especialistas caninos?

Em memória da Joana e face ao folclore mediático criado em volta do desaparecimento da Maddie, com tão importantes - porquê importantes? - pessoas - desde quando uma vida humana, para mais vida de criança, vale mais do que outra?

E AINDA – se os cães podem rastrear odores, tanto tempo após, porque não foram aproveitados para tentar rastrear odores residuais no caso Joana quando cá estiveram?

A mãe e o tio foram considerados culpados, mas a Joana continua desaparecida, nem sabemos se morta ou viva. O seu corpo não apreceu. Écerto que o tribunal deu o homicídio como provado, mas.....
Não mereceria ela melhor atenção e preocupação?

Merecia e…merece.

Uma vida é, sempre, igual a outra vida, no seu valor absoluto. O único que é real.


Quando entender esta lógica da “importância saberei que estou mental e espiritualmente doente.


P.S - quero colocar imagens de ambas as crianças mas não encontro a de Joana em parte alguma.

Aceito, pela lógica, que não conste do ficheiro da P.J de pessoas desaparecidas, pois se a polícia concluíu pelo seu homicídio e o tribunal julgou precedente condenando mãe e tio, descabido seria.

Já no caso do site Porto XXI - ESPERANÇA, não sendo um site oficial poderia, e, em minha opinião deveria manter em aberto o retrato de Joana, porque, morta ou viva, continua desaparecida - o seu corpo, ou ela.

10 comentários:

A.Mello-Alter disse...

Pois.
A velha história dos filhos enteados. A filha de médicos estrangeiros e de Zé Ninguèns nacionais~.
E depois aquela parolice da PJ fazer Conferências de Imprensa em inglês... A velha e despresível subserviência...asqueroso.
Um crime praticado por ingleses, num hotel inglês, gerido por ingleses, numa região chamada ALLGARVE.
Estou convencido que os cães ingleses não vêm resolver nada.
O grande problema do Algarve, é o excesso de cães ingleses.

LUIS MILHANO (Lumife) disse...

Já voltei. Agradeço os comentários. Vamos continuar a postar palavras de outros que desejávamos serem nossas...

Sobre o teu post muito ainda haverá por dizer... Há já opiniões deveras importantes a circular por aí. O blog Aliciante apresenta a sua versão que convinha leres e meditares...

Beijos

Teresa David disse...

Já uns 15 dias atrás ao ler um post noutro blog sobre a Maddie, de imediato me veio á memória a pobre Joana, que teve uma vida tão miserável como a sua morte. Daí concluo que as diferenças sociais são bem patentes tanto no prazer como na desgraça.
Mas que é profundamente revoltante ah isso é!
Bjs
TD

bettips disse...

Sendo que esses horrores me ultrapassam e prefiro falar assim, um a um, com amigos, o que te incomoda a ti é também como um vómito para mim. Não se pode ficar indiferente à nuvem que encobre e descobre comportamentos incorrectos e desviantes. Joana era tão meiga como Madeleine, era tão criança como ela. Só que pobre. Independente do sofrimento de cada um, há uma fórmula qualquer que procura, insistentemente que a gente se agarre ao supérfluo, às mil vezes repetidas imagens.
Recordo (e também o recordarás) uma menina desaparecida pelos montes onde ficam agora os acessos à ponte da Arrábida. Apareceu a imagem dela no jornal, vestida com o vestido da comunhão. Quem ajudou as buscas...foi o assassino confesso! Era irmão - ou meio irmão, não recordo - dela! Nunca mais esqueci esse facto.
Fizeste bem falar aqui do que afinal parece perturbar tanta gente. Refrescando memórias. E como se sentirão os pais de outras crianças desaparecidas? Um abraço amigo.

étoile disse...

É, sem dúvida, um lamentável e triste enigma.
Gostei muito do seu blog.

Alexandre disse...

Também tenho um post que fala mais ou menos disso! Centenas de crianças desaparecem todos os anos em Portugal, há uma diferença de tratamento impressionante! É claro que o meu maior desejo era que Maddie aparecesse agora viva e de saúde! Mas as outras crianças desaparecidas também mereciam um tratamento igual!!!

Muitos beijinhos!!!!

SILÊNCIO CULPADO disse...

Em meu modesto entender a Maddie e a Joana são duas faces da mesma moeda: crianças que não tiveram direito a ser crianças e que sofreram na mão de pessoas que não merecem perdão. É isso que me revolta e me repugna. É sobre isso que a minha voz não se cala. O resto são acessórios. No caso de Joana as peritagens não foram tão minunciosas porque a PJ não tem este tipo de recursos (estes 2 cães são únicos no mundo e foram disponibilizados para este caso porque se trata de cidadãos britânicos)mas estou convicta que o resultado a que chegou foi o correcto. Quanto a Maddie...tabém estou convicta que a PJ já sabe com segurança o que aconteceu. Mas uma coisa é saber e outra é conseguir aguentar com provas os melhores advogados do Reino Unido (possivelmente). E aqui é que reside a grande diferença: onde há dinheiro há muito mais probabilidades de se sair ilibado. Basta lembrar o caso Simpson nos USA.

C.Coelho disse...

Não percebo esta comparação entre a Joana e a Maddie embora considere que ambas as crianças foram vítimas de pessoas monstruosas. Que importa que uma seja pobre e a outra rica? A família de Joana é menos culpada? Não me parece. Maltratavam-na, batiam-lhe até dizer chega, obrigavam-na a fazer as lides domésticas. Professores e vizinhos afirmavam que Joana era uma miúda triste. Depois deram-lhe o sumiço ao corpo. Se a tivessem vendido saber-se-ia onde estava. Queixam-se que a PJ bateu à monstra chamada mãe? Que bem que fez!...E aos que deram o sumiço à Maddie devem fazer o mesmo. Não me venham falar em direitos humanos. Ninguém se lembrou dos direitos humanos destas crianças. Eu ofereço-me para bater aos monstros que lhes fizeram mal. E deixem-se de lamechices baratas!

Anónimo disse...

o teu blog tem uma enorme intensidade poetica. o Meu é mais romance mitico,passa por lá e deixa um comentario.

http://novos-mitos-urbanos.blogspot.com

Anónimo disse...

Acredito que o tráfico de órgãos está ligado ao desaparecimento de pessoas, principalmente de crianças. Esse mundo está cheio de pais egoístas e desesperados, médicos oportunistas e mercenários. Quero acreditar que exista justiça divina para esses casos obscuros!
Sonhei que a Maddie está viva...mas que se tem de encontrá-la antes que seja tarde.