Por todos os adultos de hoje que já foram vítimas de mau-trato... ou abusos.
uma criança chorava
um grito
nesta rua perdida.
Nesta rua imensa
sem desvios ou travessas.
Nesta rua rasgada
ao sol nascente aberta.
Nesta rua onde o olhar
se perde e não encontra
a linha do horizonte.
Da VID
Um dia
uma criança chorava
um grito perdido
nesta rua onde tudo
começa e nada acaba.
Um dia
uma criança chorava.
E eu, no meio da rua,
olhava e procurava
a criança perdida,
amálgama de multidões,
de ideias, de projectos,
de sonhos e intenções
- ideais.
Olhava e procurava.
E a criança chorava
um grito que se ouvia
em toda a rua da vida
e todo o mundo passava
naquela rua a direito,
em que o fim nunca se via.
E toda a gente caminhava,
Caminhava...
Só eu não podia.
aquela criança perdida
que chorava....
onde estava?
porque chorava?
e eu, no meio da rua
(da vida)
tão perdida como ela
procurava.
Procurava
e não descobria
que era o teu-meu-grito
que se ouvia.
P.S - quero deixar ressalvado que entre muitas coisas boas que tive o privilégio e a sorte de ter na vida, uma foi a de ter uns pais que nunca ergueram a mão para qualquer um dos filhos, nem os maltrataram psicologicamente.
Faço esta ressalva para que nenhuma dúvida recaia sobre eles, meus amados e extremosos pais.
14 comentários:
Este poema é muito belo mas cheio de lágrimas, e já tenho saudades de ler coisas tuas onde exibas alegria de viver e que sinta através das tuas palavras que os teus olhos se iluminaram de novo do prazer que a vida pode ser, e não só amarguras.
Beijos
Teresa David
Ola Tmara,
lindissimo esse teu grito perdido, tantas vezes a gente se sente assim, perdida no meio da multidão! Bjhs e bom fds
Belissimo. Esta que cada dia vai aprendendo a ser mãe.
Polly
TU TU TU TU TU
_____________________ninguém como TU.
bom fim de semana, comadre
Para além da métrica, que resolve em parte a qualidade de um poema, fica-nos o conteúdo das palavras, a sua força e oportunidade.
Consegues tudo, com arte, gosto e sensibilidade.
Obrigada.
Um abraço.
Viva!
Recebeste o meu email?
Com Consideração,
Rui Diniz
rpfdiniz@gmail.com
Ainda hoje não me saem da cabeça os gritos das crianças durante os bombardeamentos no cerco a Sarajevo. Os seus olhos andam comigo e ouço amiúde os seus gritos, aquele chorar incessante dos bebés, nada tirando do peito das mães que com o stress ficaram com o peito seco.
Quem me paga pelo pesadelo que vivo? Quem me indemniza em saúde? O dinheiro não paga as noites despertas e as lágrimas vertidas escondido da mulher e filhos.
Quem maltrata crianças, maltrata os indefesos e como cobarde deverá ser punido e apontado publicamente. Fico por aqui…
Cara Amiga: Como sempre, nesse texto estão presentes a sua sensibilidade e o seu posicionamento social. E que feliz foi você em ter os pais que teve. Infelizmente, eu e meus irmãos não tivemos essa sorte. Mas é a vida, não? Um beijo afetuoso.
Comovido...
Bom fim de semana!
Às vezes a beleza de poema vem recheado de dor. É o caso: belo e dorido poema.
Um beijo, amiga.
Minha boa amiga sensibilizas-me és uma pessoa maravilhosa, adorei o teu post. Beijinhos
Amiga,
lindo o poema, lindas as plavras e os sentimentos. Feliz de ti e teus irmãos pelos pais que tiveram...
Beijinhos
Tenho 77 anos sou um "geada" que não tem nada que andar a meter o nariz no blogue dos mais novos, mas fico encantado com o que encontro de gente bonita e com tanta consiência social
Parabéns
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